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Sete perguntas a Pedro Estorninho

Sete perguntas a Pedro Estorninho

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PEDRO Estorninho é natural de São Jorge de Arroios, Lisboa. Há cerca de nove anos e meio que frequenta e é margem do Douro, uma autêntica autoestrada de água que serve a região. Dedica-se ao teatro e à literatura. Considera que a segunda é mais permeável às influências do meio envolvente, quanto mais não seja pelo próprio objeto da obra (veja-se o caso de Contos da Terra Estreita). Revela que a sua terra uterina é o Alentejo e que passou a sentir mais necessidade de escrever sobre ela agora que está no Porto. É na linguagem que reencontra o seu lugar de origem.

Por Paulo Moreira Lopes e fotografia de Pedro Ferreira

1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?

Março de 1974, São Jorge de Arroios, Lisboa.

2 – Atual residência (freguesia e concelho)?

Paranhos, Porto.

3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?

Nenhuma.

4 – Habilitações literárias?

Curso de Teatro.

5 – Atividade profissional?

Dramaturgo/Encenador, director artístico da companhia TEatroensaio.

6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?

Será certamente impossível que, a geografia e as culturas locais não influenciem, afectem (mesmo que não queiramos) o trabalho e o seu processo.

Se existirem dúvidas basta frequentar a literatura de Ferreira de Castro, Camilo Castelo Branco, Vergílio Ferreira, Manuel da Fonseca, Teixeira de Pascoaes, Carolina Michaelis, entre tantos outros.

Quanto a mim é evidente que vai influenciando, talvez mais na literatura, talvez. Penso que em relação ao teatro o trabalho é mais universal, mesmo quando se torna mais íntimo, temático ou localizado, é sempre mais universal. Certo é também que ao cruzarmos as ruas, os seus cheiros (os cheiros são muito importantes), os sotaques que lá escutamos, os horários diferentes que os locais nos criam, o contacto humano, etc. Nos levam, por vezes sem querermos, por caminhos que somente mais tarde nos apercebemos. Mesmo as águas que nos circundam ou se atravessam na rota. O rio Douro é diferente do Tejo, como tão diferente é o rio Djebe em Évora. Logo isto nos torna “Margens” diferentes.

Retomando, onde me influencio mais, ou o trabalho que se torna mais afectado, aquando da viagem ou da permanência, é o literário, (embora para mim o teatro comece na literatura), penso que seja por defender que a maior descoberta do homem foi a Linguagem! A Linguagem é a forma, o código que nos permite conhecer o outro e nos darmos a conhecer ao outro. No fundo a literatura e o teatro são isto!

Mas não sei se foi o espaço geográfico determinante para a minha escolha profissional, possivelmente fazendo o exercício de me colocar no meio de uma aldeia no alto da serra, em Março de 74, poderei chegar a outras conclusões. Julgo que serão um conjunto de factores sociais, educacionais, empíricos, económicos que nos vão traduzindo/confirmando os desejos e as dúvidas. Mas não retiremos a importância à viagem, à mudança que nos conduzem à escolha, à adaptabilidade e nos vão fornecendo “Material” que não podemos negar, ou não reagir ao mesmo.

Por exemplo, agora que habito no Porto há cerca de nove anos e meio, fui-me apercebendo dessa magnífica auto-estrada de água  que tem sido o Douro e a sua real importância no trabalho, no meio comercial para os homens da região. Sabia-o claro literariamente e das tábuas escolares, mas nunca o tinha observado, escutado nas bocas e vozes de oitenta e muitos anos que, por lá andaram, que por lá fizeram vida.

Também aqui no Porto (embora pareça um Oximoro) nunca senti tanta necessidade de escrever, falar o Alentejo, que considero a minha terra uterina. Mesmo o meu próximo Livro “Contos da Terra Estreita” trata de uma região alentejana sobre a qual nunca tinha trabalhado, escrito, falado, o Alentejo Litoral! Numa incursão à praia de Vila Chã, encontrei-me a pensar nas praias a Sul de Melides com o seu ar bravio e os rochedos. Aqui é mais que evidente, a Geografia local foi o motor de arranque, a força motivadora para o trabalho que desenvolvi.

Não me alongando mais e talvez sem ter respondido às expectativa desejada da/na questão, defendo evidentemente que, de um modo ou outro, mais cedo ou mais tarde, existem uma série de componentes influentes no nosso trabalho e na nossa maneira de estar na Linguagem!

7 – Endereço na web/blogosfera para o podermos seguir?

Não tenho página ou site, mas podem acompanhar o trabalho do TEatroensaio:

www.facebook.com/TEatroensaio/info
http://teatroensaio.wix.com/teatroensaio
Facebook

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