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Nuno Grande (1932-2012)

Nuno Grande (1932-2012)

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NUNO Grande, fundador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBAS) Abel Salazar, morreu esta segunda-feira, aos 80 anos de idade, vítima de complicações cardiovasculares e neurológicas, disse fonte da instituição do Porto.

“A seguir ao 25 de Abril, foi a figura carismática que esteve na origem do ICBAS”, sublinhou, em declarações à Lusa, o actual director do instituto, António Sousa Pereira.

Também no ICBAS, foi director do Departamento de Anatomia e regente da cadeira de Anatomia Sistemática, tendo realizado “inéditos de repercussão internacional”, segundo a fonte.

Natural de Vila Real, Nuno Lídio Pinto Rodrigues Grande formou-se em Medicina pela Universidade do Porto, com 19 valores, onde também se doutorou com a mesma classificação.

Enquanto militar, prestou serviço na antiga colónia de Angola, ficando ligado ao ensino da Medicina em Luanda.

Nuno Grande tornou-se membro do Painel de Conselheiros do Comité Científico da NATO, em 1989, e dirigiu a Comissão de Gestão do Instituto Nacional de Engenharia.

Foi condecorado pelo Governo Português com o grande oficialato da Ordem da Instrução.

No plano político, destacou-se como mandatário nacional da candidatura de Maria de Lurdes Pintassilgo à Presidência da República, em 1985.

A informação disponível, ainda não confirmada, é a de que o funeral se deverá realizar na quarta-feira, às 11h, da Igreja do Foco, no Porto, para o cemitério de Matosinhos.

in http://porto24.pt/

§

Mestre e amigo.

Partiu Nuno Grande.

Lembro ralhetes carinhosos pelos corredores do ICBAS – “você nunca me fez a vontade…”. Com efeito, amei o Ensino em abstracto e os alunos em particular, mas a Cátedra não me atraiu. Ele teve caminho atribulado a caminho da sua, vejo-o a preparar uma Lição – e nunca a palavra se justificou tanto… – em casa de meus Pais, sem me aperceber do que o seu brilho faria das notas breves, tomadas em amena cavaqueira. E o Anfiteatro rendeu-lhe a primeira homenagem ouvindo-o num silêncio religioso, para depois rebentar numa salva de palmas entusiástica, quem decretou a Medicina alheia à Cultura? A política universitária é conservadora, todos sabíamos que não ficaria à frente de outro distinto professor, Pinto Machado, a quem devo amizade e paciência evangélica no exame de Anatomia, até o cadáver tinha os nervos em franja…, perante o triste espectáculo dos meus:). Portanto, no que ao mérito relativo dizia respeito, estávamos conversados. Mas, para enorme surpresa indignada, houve votos contra em mérito absoluto. Cheguei a casa e explodi à mesa, o meu querido Velho sorriu com amargura e disparou – “aquele aplauso não ajudou nada…”. Ah, as delícias do voto secreto, permite abraçar o candidato que há minutos, com mesquinhez, se maltratou! Momentos e gente houve que, a posteriori, me fazem abastardar o título do programa dos Gatos – “Dizem que é uma espécie de Universidade:(.”

Professor Nuno – dê um abraço ao Pai e guarde outro para si. Apertado e grato…

Por Júlio Machado Vaz


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2 COMENTÁRIOS

  1. Obrigada Professor Nuno Grande pela sua generosidade. O seu exemplo, as suas acções foram preciosas lições de vida. Sinto saudades de conversar consigo, dos seus conselhos amigos, da sua lealdade, da sua incondicional amizade.
    Tal como escreveu Cecília Meireles, ‘As palavras aí estão, uma por uma. Porém, minha alma sabe mais.’
    Sinto saudades suas e será sempre o meu querido amigo e o único médico em quem confiava incondicionalmente.
    Até breve, querido amigo. Até breve.
    Maria Cristina da Costa Matos

  2. Tantas notícias sobre Margarida Marante e, que tivesse visto, nem uma sobre Nuno Grande na RPT. Aqui em Lisboa, apenas umas breves linhas no DN, que eu visse. Para quem tanto fez em prol dos outros, não há palavras para explicar este silêncio ensurdecedor … senão que realmente este País está muito pobre. Não em dinheiro, pois tal como dizia Antoine de Saint Exúpery ‘o essencial é invisível aos olhos’ e há que saber ver com o coração. A riqueza de um País não se mede apenas em dinheiro mas no reconhecimento das pessoas de mérito que este País tem.
    Poderia enumerar várias pessoas injustiçadas e algumas tardiamente reabilitadas mas só o facto de se dar tão pouco relevo a Nuno Grande revela bem que não é só de dinheiro que este País precisa, mas de valores que infelizmente já poucos valorizam. Para os que conviveram com Nuno Grande e lhe são devedores, fica-nos a mágoa de não ver nenhuma reportagem na RTP sobre a sua vida e obra. Talvez tenha chegado a hora de a privatizar … talvez assim passem a dar relevo a outros com mais obra do que pessoas que, apesar de terem colaborado com a mesma, não são, na minha opinião, comparáveis a Nuno Grande. Maria Cristina da Costa Matos

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