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Kika, 15 anos

Kika, 15 anos

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OS pais andavam em conversações com a Universal há meses, quando Kika ouviu falar pela primeira vez na possibilidade de assinar um contrato discográfico. Apostados em não criar expectativas desnecessárias na filha, Carlos Castro e Andreia Carneiro fizeram tudo em surdina. Depois de mostrar algumas gravações da filha a cantar ao amigo Luís Montez, Carlos Castro seguiu a sugestão do dono da Música no Coração e enviou essas demos para a editora. E a reacção não demorou a chegar. No espaço de dias, a Universal retribuiu o contacto e agendou uma reunião. Carlos e Andreia vieram então do Porto, onde vivem, a Lisboa e regressaram à Invicta com a validação do talento da filha.

Apesar do interesse da editora, Kika ainda viveu alguns meses na ignorância. Entre as hesitações dos pais, que se questionavam se não deveriam esperar que a filha crescesse mais uns anitos antes de se estrear em disco, e o acertar pormenores com a Universal, de forma a proteger o calendário escolar da jovem, Kika só soube do interesse da editora quando eles a quiseram conhecer pessoalmente. Para uma adolescente de 15 anos (em Maio completa os 16) ver um sonho concretizado tão cedo poderia provocar um histerismo desmedido. Mas Francisca Castro, o nome de baptismo que foi substituído desde pequena pelo diminutivo Kika, parece manter, como ela própria sublinha, «os pés assentes na terra».

Traçando o seu percurso musical, Kika conta como pediu aos pais, com apenas cinco anos, para ter aulas de piano, porque queria «saber tocar um instrumento que acompanhasse a sua voz» nos concertos que dava para a família. «Muito determinada», diz a mãe, a jovem percebeu cedo que não queria seguir a formação clássica. De ouvido, começou a tocar os temas que ouvia na rádio. Primeiro ao piano, depois na viola acústica da irmã mais velha. Mas antes de se aventurar no novo instrumento, Kika pediu como prenda do seu 10.º aniversário um microfone profissional, para poder gravar as canções que já sabia na ponta da língua. ‘Accidentally in Love’, de Counting Crows, era uma delas, memorizada pela repetição constante nas viagens de carro a caminho das férias no Algarve.

Munida do microfone e da, entretanto adquirida, guitarra eléctrica – para trás ficavam as intermináveis listas com objectos de espionagem que pedia no Natal –, a jovem começou a saciar a curiosidade pela música com a ajuda da internet.

As aulas de música no Colégio Luso Internacional do Porto, onde estuda deste criança, começaram a ser insuficientes, e Kika pediu para a inscreverem numa escola profissional. «Fomos à Valentim de Carvalho, mas como não tínhamos lugar para estacionar, decidimos ir a outra escola mais perto do escritório da minha mãe. Quando entrei, percebi que conhecia o director, que também dá aulas no meu colégio, e resolvi ficar». Ciente da vocação da jovem para a música, Arlindo Silva, director da JAHAS, Academia de Artes Rockschool, apresentou-a a Dan McAlister, músico britânico há muito radicado em Portugal, e juntos começaram a elaborar um plano de ataque.

Gravar no País de Gales

McAlister, o compositor de todos os temas de Alive, já tinha alguns originais escritos e propôs que Kika os cantasse. A parceria estava firmada e, daí, através dos conhecimentos do professor inglês, a jovem foi até ao País de Gale gravar seis temas num estúdio profissional. «Adorei a experiência porque foram dias inteiros a cantar. Quando deixava o estúdio diziam-me para descansar a voz, mas com o entusiasmo não conseguia parar de cantar».

Depois dessa experiência, McAlister escreveu mais canções a pensar especialmente na voz de Kika e essas gravações chegaram ao ouvido de RedOne, produtor marroquino, actualmente a viver entre Madrid e Los Angeles, que trabalha assiduamente com Lady Gaga, Jennifer Lopez e Usher.

«Nós somos advogados e o meu marido vai muito a Madrid em trabalho. Num convívio de amigos, estava o RedOne e ele, como anda sempre com as gravações da Francisca no iPad, mostrou-lhe algumas canções». Tal como aconteceu com a Universal, só quando o produtor confirmou o interesse em trabalhar com Kika é que a jovem soube das negociações.

Esta preocupação em preservar ao máximo a filha nota-se em tudo. A mãe, que acompanha a entrevista com o SOL, tem consciência, para o bem e para o mal, dos perigos da exposição mediática que Kika se prepara para enfrentar, a partir do lançamento do álbum Alive, o que aconteceu na semana passada.

O menino Cristiano Ronaldo

Quando se ultrapassa o formalismo que uma entrevista pode assumir, a jovem responde espontaneamente às perguntas que vão surgindo e, em todas elas, sai-se com distinção. Fazendo jus à boa disposição e entusiasmo próprios da idade, revela, num discurso acelerado, o dia em que foi ver um jogo do Real Madrid, o clube do seu «menino» Cristiano Ronaldo, com RedOne. Fanática por futebol, foi no estádio Santiago Bernabéu que ganhou a confiança de um dos produtores mais influentes na indústria da música mundial.

Se estamos perante a ascensão de uma estrela pop – é isso que ela canta em Alive, uma pop mainstream que não atrai melómanos, mas alegra milhares de ouvintes despreocupados em encontrar novas e arriscadas propostas musicais – só o tempo o dirá. Por enquanto, Kika é só uma adolescente de 15 anos com uma voz promissora que agarrou a oportunidade para fazer o que mais gosta: cantar.

in SOL por alexandra.ho@sol.pt

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