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Coração bate mais forte em Caxinas

Coração bate mais forte em Caxinas

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SENDO verdade que a essência dos clubes está nos seus adeptos, esta ideia faz ainda mais sentido quando se fala no Rio Ave e na enorme falange de apoio que o clube tem em Caxinas, uma localidade piscatória de Vila do Conde, conhecida pelas suas gentes ligadas ao mar, em que raça, sofrimento e trabalho surgem ligados como valores fundamentais.

Esses mesmos predicados não só fazem com que tenham saído dos “viveiros” de rua das Caxinas alguns sonantes craques do futebol português – como Fábio Coentrão, Hélder Postiga, Paulinho Santos ou André – mas também torna a massa adepta que apoia a equipa da foz do Ave como uma das mais fervorosas da I Liga.

Isso mesmo sublinhou ao DN o presidente da Junta de Freguesia de Vila do Conde, que tutela a área de Caxinas, José Maria Postiga – tio de Hélder Postiga -, que falou numa paixão pelo clube difícil de explicar.

“São adeptos dedicados, com uma paixão enorme pelo clubeda terra, em que exigem que a equipa os represente como pessoas de trabalho e de força. Por isso, acho que a seguir ao Senhor dos Navegantes a maior paixão para muitos caxineiros é o Rio Ave”, afirmou o autarca.

José Maria Postiga lembrou que o facto de “muitos jovens das Caxinas terem procurado no futebol uma via para fugir à vida das pescas e terem singrado” faz que haja uma maior “identificação das pessoas com o clube” levando que, por vezes, “até haja uma maior cobrança e pressão sobre os jogadores e treinadores”.

Ainda assim, o presidente da junta garante que o Rio Ave “reconhece também a importância deste apoio”. “É uma ligação com dois sentidos e os próprios dirigentes do clube sabem que terem caxineiros a apoiar a equipa a torna mais forte perante os adversários”, garantiu.

Essa é uma ligação que passa de geração em geração, lembra Ana Maria Marques, adepta ferrenha do clube, que tenta acompanhar os jogos em casa e fora. “Já de pequena ia ver os desafios com o meu avô e, com a rivalidade que há aqui com os vizinhos do Varzim, nós vivemos o Rio Ave de forma muito especial”, garante esta adepta, completando: “Quando me falam mal do Rio Ave o meu sangue até ferve. Por isso é que queremos que os jogadores tenham tanta raça como nós. O Fábio Coentrão é um bom exemplo de caxineiro.”

Ainda assim, o futebol moderno obriga a uma maior preparação e a novos métodos de trabalho que forçam, por vezes, treinos à porta fechada, uma medida que não agrada aos adeptos.

“Dantes os pescadores, antes ou depois de virem do mar, ainda conseguiam ir ao estádio ver os treinos, mas agora o clube fechou-se um pouco para os adeptos. Temos os jogos ao domingo, mas nem todos podem ir, ora porque estão a descansar ora porque as dificuldades na carteira já não o permitem”, sublinhou o rioavista ManuelCunha, acrescentando: “Mas isso não belisca a paixão e o apoio que o povo das Caxinas dá ao Rio Ave.É algo que se vive e se fala todos os dias.”

E para esse sentimento nem sequer é preciso estar nas Caxinas. Prova disso é Manuel Agonia, natural desta localidade piscatória, mas que há vários anos está emigrado em Espanha, a quem nem a distância impede de viver as emoções do clube.

“Mesmo quando emigramos mantemos o amor pelo clube, e tentamos sempre ver como está a equipa e a classificação”, garantiu este vila-condense, que agora de regresso para um período de férias está a atualizar-se: “Queremos sempre saber as notícias recentes e saber quem veio para equipa. Esta ano julgo que temos um bom grupo para fazer um bom campeonato.”

Curiosamente, apesar de esta ligação umbilical, esta temporada o plantel principal do Rio Ave tem apenas um jogador natural de Vila de Conde: André Vilas Boas.

Por José Pedro Gomes in http://www.dn.pt

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