1.
VENTELAS
No verão com cascas de eucalipto
e sumo de amoras construías
uma ventela colorida Com os
outros miúdos corrias depois
pela tarde fora Continuas a correr
em sonhos agora com uma ventela
na mão mas a tarde já não é tarde
e o verão não é mais verão
*
AS ”ventelas” eram feitas de cascas de eucalipto (dois pequenos retângulos cruzados, com um pauzinho num furo feito ao meio), que pintávamos com sumo de amoras (ao fim e ao cabo, uma pequena ventoinha).
Por Jorge Sousa Braga, sobre o significado da palavra Ventela do poema Ventelas, in O novíssimo testamento e outros poemas, Assírio & Alvim, página 44.
2.
És a chuva sobre as casas
A inclinação dos telhados
O vira-vento de cascas cruzadas
De eucalipto.
Por Daniel Faria in Poesia, Para o instrumento difícil do silencio, 4, página 185, Edições Quasi, 1.ª edição novembro de 2003.