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Arnaldo Mesquita (1930-2011)

Arnaldo Mesquita (1930-2011)

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8.
O PODADOR

O podador
que se preza
poda
no verde
e no seco!
Se a seiva –
– húmus
sobeja,
o podador
não é peco
e a seiva –
– húmus
corrige!
Eis o
que dele
se deseja!
Eis o
que dele
se exige!

7.
Aquele
não pode!
Não pode
nem deve
furtar
-se
ao combate:
um homem
não cede!
Pesado
se faz leve.
se decide
e se atreve:
ao sol
e à chuva;
ao vento
e à neve!
É a si, a si
que o deve!

6.
Aquele lhe
ensinavam
os seus pais:
– É o medo
que guarda
a seara
e guarda
a vinha.
Dos insectos
talvez não;
mas dos gaios,
dos melros,
dos coelhos,
dos pardais.
E de muitos
outros bichos.
semelhantes.
(ou que tais) 

5.
SOL

Iluminas tudo quando passas
Sol genuíno
No quadrante sul

Namoram-se as pombas com mais alvoroço
Nos muros da Sé
Mais vivos sobem os rumores da rua
Quase humanos me olham os guardas
E até eu acho graça
Às quatro paredes deste poço
Em que há um mês de debato
Me defendo e os combato
Contigo indiferente pelos ares

Quando te vais fica mais frio
O coração aperta por momentos
Recolhem as pombas ao portal de museu

Pelo postigo aberto nem sombras de ti seguro
amigo
Revolto ou enevoado
Luminoso céu

Da rua
Só o compasso dos carros na passagem

Mas o pensamento é isto

Amanhã virás sol amanhã virás

Boa viagem 

4.
Seja ele o
esdrúxulo,
seja antes
o agudo,
ou seja,
simplesmente,
o acento
grave,
é preciso
encontrá-lo
exacto
e a tempo
e colocá-lo
depois,
com todo
o tacto:
ali onde
lhe cabe! 

3.
Aquele
adorava o silêncio
dos bosques.
E o brando
e fresco rumor
da brisa
tão suave
e tão pura
E o brilho
das águas
ao espelhar-se
nelas o Sol
pelas presas,
e poças
e tanques.
Até pelos charcos.
Pelos charcos
das fontes. 

2.
Hei-de publicar estes verso
E farei bem acho eu
Que quem passa o que passei
Só recupera a razão
E não esquece
Dando à vida o que colheu. 

1.
Um homem
Novo ou velho
Saiba manter-se de pé
Quanto mais dobre o joelho
Mais deixa de ser quem é
De dobrado não se vê

§

Talentoso poeta, publicou, além de “Amanhã Virás” (1971), “70 Poesias Breves” (1987), “Em Tempo de Fascismo” (1987), “Sejam Amplas as Janelas ” (1999), “Aquele” (2000) e “Dispersos” (2001), todas edições de autor; “As Duas Vozes” (2003), Edições Avante” e “Aves Ledas” (2006), “À Mulher” (2008) e “Nascido no Monte” (2009), edições da Câmara Municipal de Lousada. 

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