A HISTÓRIA mais ouvida sobre ele é a da “Leica na caixa”. Diz-se por aí que podemos desmontar uma Leica, atirar as peças para uma caixa, agitá-la, e que o Adriano a montará facilmente de olhos fechados. Mas há outras.

Parece que o Adriano não hesita em apontar uma má escolha em máquina fotográfica ou em passar um sermão por andarmos a fotografar com uma lente suja. Não é raro pedir aos clientes para não lhe trazerem “mais brinquedos para reparar, por favor” e há lentes que arranja apenas com um murro certeiro. Há quem diga que quanto mais difícil a tarefa, mais expedito é a terminar o trabalho. E que é ainda mais rápido se ele gostar de nós, embora ninguém saiba ao certo o que fará com que ele goste de alguém, excepto talvez trazer uma câmara pentax na primeira ida lá.

Quem gosta de fotografia analógica e vive no Porto, sabe quem é o Adriano. Se não souber, então a loja onde deixou a sua máquina para arranjar, sabe.

96000 é o número de máquina fotográficas que já lhe passaram pelas mãos. Esse também é o número de histórias que ele tem para contar.

Texto de Alice Bernardo, Filme de José Simões publicado in Roteiro Oficinal do Porto