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Rua da Estrada da Galiza

Rua da Estrada da Galiza

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GALICIA é a mellor esquina do solar hispánico, cabo do mundo antigo e avanzada de Europa no mar inmenso da libertade. A arquitectura barroca do noso chan, labrada en pedra granítica, está sempre coberta por un manto de rugoso verdor. Os montes son redondos como peitos de muller e as serras son como lombos de boi cebado. Os vales son ledos e farturentos , etc., etc. assim escrevia Alfonso Rodríguez Castelao em 1944 na obra Sempre en Galiza, o seu mais profundo sentir de nacionalista galego entre peitos de mulher e lombos de boi, que os galegos me perdoem o sublinhado desta anatomia.

Porém, aparte dessas coisas ledas e farturentas, e desde que a Rua da Estrada por aqui passou, só ficou o manto de rugoso verdor; do resto nada se enxerga. Ficaram alguns castelos amarelos com pontes pouco levadiças, que se vendem ou alquilam. Por falta de negócio será, porque do vistoso que é o lugar e o aparato, não passaria despercebido este edifício-montra com suas transparências e ameias.

É da guerra dos preços e do dinheiro que falta. Não se deve misturar negócio de móveis com arquitectura militar. Intimida o freguês; desperta memórias de panelões de azeite a ferver despejado de cima das torres de menagem para quem insista em assentar arraial à porta. Negócios militares é só com armas e submarinos, como se sabe e se lhes conhece a prosperidade.

SOBRE O AUTOR: Álvaro Domingues (Melgaço, 1959) é geógrafo e professor na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde também é investigador no CEAU-Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo. É autor de A Rua da EstradaVida no Campo e Volta a Portugal. Colabora com o Correio do Porto desde janeiro de 2015.

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