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António Rebordão Navarro (1933-2015)

António Rebordão Navarro (1933-2015)

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7.
VISITA GUIADA

Subjacente à sua voz existe
o mapa da cidade feita aos poucos,
nos pequenos interstícios das crises,
dos ventos e da chuva, da erosão.

Lidando, a sua voz reconstitui
o ténue espaço, o roteiro das ruas,
meigamente revelando, sob tílias,
plátanos, palmeiras,
horizontes de areia,
o lugar em silêncio do poema.

In 27 poemas de António Rebordão Navarro, Edium Editores, 2008, página 41

6.
AS ÁGUAS

Nada acontece em vão,
no verão, na vertigem,
na rendida voragem.

Tudo se precipita quando o outono range,
ruge, rola, confunde,
sob o bafo das bruxas.

Em vão nada se faz, nada se queima.
Projectam-se partos na memória.

In 27 poemas de António Rebordão Navarro, Edium Editores, 2008, página 39.

5.
Mítica
a palavra não já na boca
mora,
vive além
dos homens e das coisas,
canta. 

4.
Quem destrói as palavras?
para palavras múltiplas,
homens de carne e osso. 

3.
Da tinta
ou do sangue
fluem as palavras? 

2.
A palavra que ama
a que namora
a palavra que dorme 

1.
É nos bolsos que cabe o que nós somos.
Levamos tudo logo pela manhã, 

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