ANTÓNIO da Silva Costa nasceu em 1945 em Grimancelos, Barcelos. Iniciou o ensino primário na sua terra natal mas terminou a 4ª classe em Viatodos, aldeia onde trabalhou como criado de servir durante dois anos. Até aos 19 anos aprendeu tudo sobre a lavoura, a trabalhar no campo de sol a sol. Depois procurou uma vida melhor. Foi ajudante de camionista e de uma fundição, trabalhou de pá e pica em Famalicão, foi empregado fabril em França e caixa numa bomba de gasolina em Esposende, até se estabelecer por conta própria no ramo de hotelaria, na Póvoa de Varzim”.
António Costa contou-nos como foram os primeiros anos da sua vida. “A minha mãe trabalhava à jorna e ficou viúva quando eu tinha cinco anos. Levava uma côdea de pão para casa e umas couves para fazer uma sopa e alimentar três filhos. Nesta miséria fui crescendo e aos oito anos já tomava conta do rebanho de um vizinho. As ovelhas eram muito gulosas e nem à varada abandonavam as couves. Aos 11 anos fui servir para a Quinta da Palmeira, em Viatodos. Depois voltei à minha terra para uma casa de lavoura onde aprendi a fazer de tudo. Plantava, semeava, arrancava, colhia, olhava pelos animais, roçava mato e podava as árvores de fruto. Aos domingos ia com as vacas para o monte. Antes de me tornar ajudante de camionista ainda trabalhei uns meses na Quinta da Cruz, em Gondifelos”.
Para António Costa o trabalho na lavoura foi sempre de escravo e muito mal remunerado: “nos dois anos que estive em Viatodos ganhava uma roupa remendada, ia à escola, comia e dormia na casa. Em Grimancelos ganhava 30 escudos (15 cêntimos) por mês, roupa remendada, comia e dormia nuns estrados por cima dos porcos. No Inverno dava jeito porque o calor libertado pelos animais aquecia a palha da cama. Na corte tinha mais oito bois. Na quarta-feira de Páscoa, as criadas, vestidas de lavradeiras, levavam os bois, todos enfeitados, à feira de Famalicão, para serem negociados”
Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA