ALEXANDRE Andrade é natural da freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa. Até agora viveu 90% da vida naquela cidade. Esta é como um velho amigo com o qual convive regularmente e que nunca o deixará de influenciar. Literariamente falando é o seu terreno de jogo inventado, meio real, meio recordado. E quando pensa no Porto lembra-se imediatamente da maior guinada da sua vida, daquilo que havia antes e, sobretudo, do que veio depois. Diz ainda que é uma cidade que dá gosto percorrer a pé, que lhe dá espaço para respirar e tempo para assentar ideias.
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
3 de Setembro de 1971. São Sebastião da Pedreira, Lisboa.
2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
Lumiar, Lisboa.
3 – Em que outros locais viveu de modo permanente?
Paris, Cambridge (Reino Unido).
4 – Habilitações literárias?
Doutoramento em Biofísica (Universidade de Lisboa)
5 – Atividade profissional?
Professor universitário na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
6 – Em que medida o local onde nasceu e viveu ou vive, influenciou ou influencia a sua vida artística?
Lisboa é o lugar onde nasci e vivi 90% da minha vida, até agora. Influenciou-me da mesma maneira que um velho amigo com o qual convivemos muito regularmente nunca deixa de nos influenciar: as suas taras, as suas peculiaridades, as suas rotinas, afectam a nossa maneira de agir e de nos movermos, mesmo quando (ou até sobretudo quando) nos fazem espécie e contrariam algo de íntimo e convicto dentro de nós.
Lisboa não é, para mim, fonte de inspiração: não existe um génio do lugar que me estimule e faça germinar narrativas ou ideias. Lisboa é acima de tudo um espaço que eu escolho para povoar com ficções e as suas personagens sagazes e líricas, plácidas e fanáticas: é o espaço que eu conheço melhor; conheço a topografia de certos bairros seus com um detalhe contaminado por inúmeras experiências e um cortejo de memórias que estão sempre latentes para mim, ainda que o pudor ou a preguiça me faça ocultá-las do leitor. Os nomes de ruas são como fragmentos de uma ladainha sensual. Lisboa é o meu terreno de jogo meio inventado, meio real, meio recordado.
7 – Quando pensa na cidade e na região do Porto lembra-se imediatamente de quê?
Da maior guinada da minha vida. Daquilo que havia antes disso e, sobretudo, do que veio depois.
8 – Como vê a cidade e a região do Porto nos dias de hoje?
Conheço pouco da “região do Porto”, por isso vou limitar a minha resposta à cidade. Vejo-a como uma cidade que consegue a proeza de respeitar a escala humana sem ser mesquinha, e de ser majestosa sem ser sobredimensionada. É uma cidade que dá gosto percorrer a pé, e este é para mim um dos atributos mais desejáveis. É uma cidade que me dá sempre espaço para respirar e tempo para deixar que as minhas ideias assentem, ou que se dispersem com um alarido bem-vindo.
9 – Endereço na web/blogosfera para o podermos seguir?
http://umblogsobrekleist.blogspot.pt/
Artigo publicado em 16 de setembro de 2015
Que bom saber a opinião das pessoas sobre suas e outras cidades! Gostei.