MANUEL Areias da Silva nasceu na Póvoa de Varzim em 1944. Completou a 4ª classe e saiu da escola para fazer o serviço de uma dona de casa. Ainda um adolescente aprendeu a arte de relojoaria, ourivesaria e óptica. Tornou-se pescador na Póvoa de Varzim, Matozinhos e Rio de Janeiro. Posteriormente foi pedreiro em França. Casou com Ermelinda Lopes Alves e tem cinco filhos. “Aos 10 anos, como a minha mãe era negociante de peixe, aprendi todo o trabalho de uma dona de casa e fiquei a tomar conta do meu irmão mais novo. Depois fui para o Mendonça aprender a profissão de relojoeiro, onde trabalhei dos 12 aos 16 anos. A pressão da minha mãe para eu ser pescador foi tanta que acabei por ir para o barco Santa Rita de Cássia, do meu padrinho “Patinha”. Depois passei para as traineiras de Matosinhos, na pesca da sardinha e do carapau. Naquela altura, em Matosinhos, havia 150 traineiras com cerca de 40 homens em cada uma. Era uma vida escrava, feita à força de braço. Não havia quota de pesca mas respeitava-se o defeso da sardinha, entre Janeiro e Março”.
A fuga à guerra em África levou Manuel Areias para o Brasil. “O meu pai mandou-me uma carta de chamada do Rio de Janeiro, onde era pescador. Paguei o meu adiamento militar por quatro anos e parti em Janeiro de 1962. Naquele mar calmo a vida de pescador era santa e ganhava-se bem. A saudade da minha namorada, para quem escrevia cartas muito bonitas com poemas, fez-me regressar em Junho de 1965. Um mês depois estava casado. Mas se não saísse de Portugal era chamado para a tropa. Por isso, abalei para França, onde trabalhei de pá e pica na mão. Com residência em Paris, paguei no consulado mais três anos de adiamento militar, até ao limite de idade de 27 anos. Como podia viajar legalmente meti-me no comboio e vim para levar a mulher. Sem saber como nem porquê, vieram buscar-me para a vida militar, onde passei três anos. Fiz a recruta em Espinho e a especialidade de radiotelegrafista no Regimento de Transmissões, no Porto. Fui promovido a cabo e comecei a dar instrução. Como tinha duas filhas, o comandante Carvalho Gomes possibilitou a minha transferência para a Póvoa, onde passei os últimos 15 meses”.
Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA