EN su tiempo, Cristóbal Colón no se podria imaginar el éxito de las calabazas en Europa. Das carruagens dos contos de fadas que se transformam em abóboras pelo meio da noite, à alegria dos porcos, aos doces de Natal com canela e gemas, às macacadas americanas do Halloween (não há nada naquela terra que não acabe por desaguar em todo o lado…), até aos benefícios prodigiosos deste fruto para o trânsito intestinal, tudo na abóbora encanta com suas cores alegres, corpo roliço e fartura de carnes.

Na Suíça, o país limpinho, arrumadinho, os Alpes, a neve, o branqueamento nos bancos, a Heidi, sem sal, neutro, um tanto xenófobo, muito, lagos, comboios e outros assuntos correntes como relógios, medicamentos e chocolate, preços pela hora da morte, civilizadíssimos são bernardos, ski e limusines… fazem rotundas na Rua da Estrada de Villeneuve com abóboras dispostas como montanha mágica. Se a abóbora vai bem para o tráfego intestinal, porque não houvera de ir do mesmo modo para o tráfego estradal?

Diria porém que a abóbora suíça tem mais pevides podres do que o que parece. O que para uns é a utopia da democracia directa e transparente com referendos e regras para tudo até para a hora da última descarga da noite do autoclismo, é para outros uma patologia social baseada na desconfiança mútua e em formalismos regulamentares e multas para o mais ridículo e o mais sensato. Adeus riqueza de terrinha cheia de floreiras e prosperidade assente sabe-se lá em que quantidades exorbitantes de dinheiro encardido que roda no anel helvético da grande roleta financeira do capitalismo global.

Álvaro Domingues (Melgaço, 1959) é geógrafo e professor na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde também é investigador no CEAU-Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo. É autor de A Rua da EstradaVida no Campo e Volta a Portugal.

Publicado originalmente em 30 de outubro de 2015

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