DEVAGAR caminhavam, as mãos na cabeça. Viam o fascínio fresco do rio, na lentidão dos olhos adoravam as trutas. Nunca estes homens comeram um peixe. Na Primavera subiam, eles e o gado, ao monte: falavam às árvores, mascavam bagas azedas. Da margem esquerda do rio, bebiam a limpidez da água para desagasalhar o sono dos peixes. Abraçados à noite, endoideciam. Abraçados à noite.
Texto de Francisco Duarte Mangas publicado originalmente in O homem do saco de cabedal, Campo das Letras, maio de 2000, página 9, com ilustração de Inma Doval.