A NEROGIARDINI funciona nesta caixa preta e branca de 12 000 metros quadrados de onde, por ano, se expedem cerca de dois milhões de pares de sapatos made in Italy. É muito calcante.

A logística é um conjunto de actividades de fundamentalíssima importância para que uma empresa funcione, para que tudo chegue no tempo e ao lugar certos, dos fornecedores aos clientes. Quando o significado da palavra era militar referia-se ao assegurar das funcionalidades e operacionalização de uma frente de batalha e toda a cadeia de fornecimentos e movimentações que isso implicava. Resumindo, a logística é a organização do rodopio mais eficaz para que algo vá por sentidos obrigatórios ou proibidos e siga as setas para um lado e para o outro de modo eficiente, barato e rápido.

Por isso os romanos inventaram a rede de estradas. Sem elas, sem o latim, sem as legiões, os impostos, as leis e o dinheiro a escorrer para Roma, não havia império.

O império agora não é propriamente um território; é o mercado global e é o capitalismo sem freio que diz de onde é que vem o quê, onde fazer a montagem final, onde vender e a quem, quanto pagar ou não pagar e por aí. Nesse enredamento constante onde entram camiões, computadores, comboios, barcos, contentores e outras próteses e sistemas de próteses mecânicas e electrónicas, materiais e informacionais, a Rua da Estrada é apenas um segmento, um entretanto, uma possibilidade afinada por múltiplas lógicas, logísticas just in time e just in case.

Não se vê muito bem, mas naquele cilindro amarelo está um papel que diz smarrito (perdido) e oferece uma recompensa para quem encontrar o animal desaparecido. Lá está: tudo se perde quando a logística não funciona.

Álvaro Domingues (Melgaço, 1959) é geógrafo e professor na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde também é investigador no CEAU-Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo. É autor de A Rua da EstradaVida no Campo, Volta a Portugal Paisagens Transgénicas.

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La Strada dell’Allegria Logistica

NeroGiardini Logistica funziona in questa scatola nera e bianca di 12 000 metri quadrati dalla quale, per anno, si spediscono circa due milioni di paia di scarpe Made in Italy. È molto calzante.

La logistica è un insieme di attività di fondamentalissima importanza affinché un’impresa funzioni, tutto arrivi in tempo e nel posto giusto, dai fornitori al cliente. Quando il significato della parola era militare si riferiva all’assicurazione delle funzionalità e operazioni di un fronte di battaglia e tutta la catena di rifornimenti e movimentazioni che quest’ultimo implicava. Riassumendo, la logistica è l’organizzazione della rotazione più efficace affinché qualcosa vada per direzioni obbligatorie o proibite e segua le frecce in un verso e nell’altro in modo efficiente, economico e rapido.

Per questo i romani inventarono la rete delle strade. Senza di esse, senza il latino, senza le legioni, le tasse e i soldi che scorrevano verso Roma, non ci sarebbe stato impero. L’impero oggi non è propriamente un territorio; è il mercato globale e è il capitalismo senza freni che dice da dove proviene una cosa, dove fare il montaggio finale, dove vendere e a chi, quanto pagare o non pagare e così via. In questo intreccio costante dove entrano camions, computers, treni, navi, containers e altre protesi e sistemi di protesi meccaniche e elettroniche, materiali, digitali e informative, la Strada dell’Allegria è appena un segmento, un mentre, una possibilità affinata da molteplici logiche, logistiche just in time e just in case.

Non si vede molto bene, ma in quel cilindro giallo si trova un foglio che dice ‘smarrito’ e si offre una ricompensa a chi incontrerà l’animale perduto. Così è: tutto si perde quando la logistica non funziona.

Tradução: Daniel Screpanti

Publicado originalmente em 14 janeiro de 2016

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