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Joaquim André Fangueiro (1938)

Joaquim André Fangueiro (1938)

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JOAQUIM André Fangueiro nasceu em 1938, na Póvoa de Varzim. É casado com Maria Albina e tem três filhas e um filho. Fez a 4ª classe, na escola do Azeiteiro. É barbeiro há mais de 60 anos, única profissão que conheceu. “Aos 14 anos deixei de mandriar e fui trabalhar para a barbearia do meu pai. Comecei por aprender a rapar cabelo à navalha, a fazer barba e os cantos junto às orelhas. Folgávamos à segunda-feira mas trabalhava ao domingo de manhã. Aos sábados trabalhava das 9 horas até à meia- noite. Só parava para almoçar e jantar. Os pescadores iam à noite ao cinema e vinham cortar ou fazer a barba no fim. Cortar cabelos foi sempre uma arte. Ainda tenho clientes que pedem para fazer o disfarce na covinha do pescoço, mas agora a moda é fazer um traço. O cabelo era cortado com tesoura e pente. A barba era desfeita com navalhas que se afiavam no assentador. Depois aparecerem máquinas manuais de cortar cabelo. Agora há máquinas eléctricas para tudo. Trabalhei sempre neste salão, aqui no Bairro Sul. Tenho clientes que nunca conheceram outro barbeiro”.

Outrora, as barbearias eram também espaços de tertúlia, como recorda Joaquim Fangueiro: “o melhor guitarrista que conheci era o empregado do meu pai. Quando não havia clientes, o Cantinha começava a tocar e o senhor David Ferreira, que cantava muito bem, aparecia logo. A malta vizinha juntava-se toda na barbearia e fora dela. Nunca mais esqueci a letra de uma canção em ritmo de samba que ele cantava: Soltei o primeiro pombo-correio, com a carta para a mulher que me abandonou. Soltei o segundo, o terceiro, e o meu pombal terminou. Ela não veio, nem o pombo voltou. Depois daquela mulher que me abandonou, não sei porquê, minha vida desandou, o canário morreu, a roseira murchou, o cano da água furou. Até o sol, por desgraça, invadiu a vidraça, e o retrato dela desfigurou. O David era uma pessoa muito divertida e respeitada no Bairro Sul. Ia muitas vezes ao tribunal dar testemunho de bom comportamento de pessoas que se metiam em delitos”.

Por José Peixoto. Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA

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