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Pedro Alvim (1935-1997)

Pedro Alvim (1935-1997)

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7.
Sete homens foram presos
quando pela noite
os cabelos puxavam
a uma rapariga.

Algures na cidade
eles só buscavam
o dia sumido.
«Olha ali o sol»

— dissera um
na solidão do Metro. Era
uma cabeça loira

— e mal os raios tocaram acesos
ali se prenderam
e foram presos.

5.
Olhando longe
vi três sabores
ao rés da porta
num só sabor. 

4.
Hoje não há leite.
O alumínio
Não foi à flor do lume. 

3.
Ciclo

Um cão
de perfil
medita
o Outono

– e o Outono
em folhas
medita
o Verão.

o Inverno
é um lobo
já não distante

– e a folha a vir
a Primavera
do cão uivante. 

2.
Pelos campos
da memória
animais
comem o dia. 

1.
Raso voo
de ave
é a lâmina
na barba 

Jornalista, escritor, tradutor e crítico literário, nasceu no Porto em 1935. Usou por vezes o pseudónimo Fernando Fischer. De colaboração com Domingos Janeiro publicou, em 1956, os Cadernos Convívio. Foi um dos fundadores da revista Coordenada (1958). Com o livro de poemas Rútilo é o “i”, obteve em 1980 o Prémio Luís Vaz de Camões, atribuído por unanimidade por um júri de docentes das Faculdades de Letras das Universidades Clássicas de Lisboa, Coimbra e Porto. Faleceu em 1997.

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