ELIZABETH Leite é filha de portugueses emigrantes na Venezuela. Nasceu em Caracas, onde viveu até aos sete anos, regressando a Portugal com os pais por causa da instabilidade social que se vivia naquele país. Por cá ainda passou por Coimbra, Viseu e Baião, até se fixar em São Martinho da Gândara, em Oliveira de Azeméis. Enquanto pintora revela, através do desenho, da tinta, de pinceladas e de escorridos, narrativas de pessoas reais. Cria telas com gente dentro, diz. Vê o Porto como o lugar dos grandes Mestres, que foram e continuam a ser uma referência na sua caminhada artística.
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
21, de janeiro, de 1982.
2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
São Martinho da Gândara. Oliveira de Azeméis.
3 – Em que outros locais viveu de modo permanente?
Venezuela, Caracas. (dos 0 aos 7 anos).
Coimbra. (6 anos)
Viseu (10 meses)
Baião (10 meses)
4 – Habilitações literárias?
Licenciatura em Pintura, 5 anos – ARCA EUAC, Coimbra.
Pós- Graduação em Comunicação Estética – ARCA EUAC, Coimbra.
Pós-Graduação em Ensino de Artes Visuais – UPCEUP e FBUP, Porto
5 – Atividade profissional?
Atualmente, Pintora.
De 2005 a 2012 desenvolvi a atividade docente.
Lecionei em várias Escolas e diversos níveis de ensino (do 6º ano ao 12º ano); e dei Formação no Centro Educativo dos Olivais em Coimbra durante dois anos letivos.
6 – Em que medida o local onde nasceu e viveu ou vive, influenciou ou influencia a sua vida artística?
Nasci na Venezuela e vivi aproximadamente sete anos em Caracas. Fui uma criança feliz! As condições de vida nessa altura eram difíceis, mas mesmo assim era possível brincar e ter alguma liberdade. Hoje, está impossível! O medo da violência sempre esteve presente. Sabíamos que a qualquer momento um tiro, um assalto, um sequestro era possível acontecer. Mas, mesmo assim, podíamos ir à escola, sair de casa e andar na rua.
Sou filha e neta de padeiros que emigraram na tentativa de uma vida melhor.
Fugimos, depois de perder uma grande parte do que tínhamos. Fomos saqueados duas vezes. O meu avô levou um tiro.
Era uma questão de sobrevivência! Voltaram para Portugal.
Da Venezuela sinto falta do cheiro (cheiro de terra molhada), da luz, do calor, das cores, da música, da fruta, da alegria e descontração das pessoas. Famílias simples com muito pouco, casas de chapa, chinelos. Das praias, a temperatura da água e o cheiro a tropical. Das rotinas a diversidade de povos e de culturas. Os contrastes!
Em Portugal, encontrámos o conforto da família, a segurança, paz. A aldeia, as pessoas de idade, as casas com currais, os animais, a lareira, o cheiro a fumo, o frio.
Iniciei o meu percurso escolar em Portugal. Aprendi uma nova língua, fiz novos amigos!
Encontrei pessoas cheias de histórias a partilhar. Avós, mães, crianças… histórias de gente com gente dentro. Vivências! Ambientes familiares.
Penso, que nesta medida, tudo e todos estão presentes nas minhas histórias. São narrativas de pessoais reais, simples, comuns. São a banalidade mostrada na tela através do desenho, da tinta, de pinceladas, de escorridos… numa paleta vibrante.
7 – Quando pensa na cidade e na região do Porto lembra-se imediatamente de quê?
Da cultura, do património, dos estudantes e de toda a atividade artística intrínseca à região e aos artistas que aí se formaram e continuam a desenvolver o seu trabalho, os Mestres! Dos mais novos e promissores artistas. Referências!
Da Universidade de Belas Artes, das Galerias de Arte, das Cooperativas Artísticas… da Cooperativa Árvore.
Enquanto aluna da EUAC (Escola Universitária das Artes de Coimbra) posso dizer, que, muitos dos professores presentes e que fizeram parte do meu percurso académico eram da Escola das Belas Artes do Porto. Tinham sido alunos dos grandes Mestres, viveram no Porto. Por isso, eram frequentes, no nosso dia-a-dia as conversas, as citações, as comparações, as referências ao Porto. Os alunos, as práticas e os Professores sempre estiveram e continuam presentes nesta caminhada. É com frequência que vou ao Porto!
8 – Como vê o Porto nos dias de hoje?
Bem. Mas, podia ser melhor.
Quando falo com os mais velhos percebo que as coisas mudaram muito.
Queremos sempre mais.
9 – Endereço na web/blogosfera para a podermos seguir?
elizabeth.m.leite@gmail.com
https://www.facebook.com/elizabeth.leite.58
http://www.elizabethleite.pt/