JÚLIO Resende, um dos grandes nomes da pintura portuguesa de século XX, morreu na quarta-feira. O funeral do autor da “Ribeira Negra” realiza-se hoje às 16h45. O mundo das artes lamenta a morte de um dos seus expoentes máximos.
Artur Santos Silva, fundador do Grupo BPI
“Júlio Resende é uma personalidade de primeira grandeza na Pintura Portuguesa do nosso tempo. Foi, também, um notável docente e dirigente da Escola Superior de Belas Artes, tendo marcado profundamente todos quantos ensinou – pelo seu excepcional talento e, em especial, pela sua dimensão humana que respirava simplicidade, afectividade e bonomia.
Homem de causas públicas foi sempre um cidadão exemplar. Generosamente, soube criar uma Fundação a que afectou significativa parte do seu património para, através das Artes Plásticas, educar a nossa sensibilidade, em especial, a das gerações mais novas. Participou desde a criação nos Orgãos Sociais da sua Fundação e todos fomos sempre contagiados pelo seu entusiasmo e, até, paixão que lhe dedicava, fazendo de “O Lugar do Desenho” um espaço ímpar da nossa Cidade.
Em criança tive os meus primeiros contactos deliciando-me com as suas inesquecíveis bandas desenhadas “Matulinho e Matulão” publicadas no “Primeiro de Janeiro” e que tanto nos entusiasmavam, dos mais novos aos mais velhos, pelas impressivas imagens e tão saudável humor.
No principio dos anos 80 conheci-o pessoalmente, nascendo, então, uma crescente amizade de que tanto beneficiei.
A sua elevada sensibilidade reflectia-se, também, na forma superior como escrevia e que tanto nos enriquecia, quer pela palavra, quer pelos valores e afectos que nos transmitia. Guardo religiosamente todos os cartões que me escreveu, muitos deles acompanhados de belas pequenas aguarelas ou serigrafias, sempre ajustadas ao tempo e ao momento.
Temos de saber honrar Júlio Resende, contribuindo para que “O Lugar do Desenho” continue, com reforçado empenho de todos nós, a divulgar as Artes e valorizar a nossa sensibilidade.”
Passos Coelho, primeiro-ministro
“Além de uma vasta obra pictórica, ímpar e multifacetada, Júlio Resende deixou uma marca indelével em sucessivas gerações de alunos da Escola Superior de Belas-Artes do Porto. O Primeiro-Ministro lamenta a perda para a Cultura portuguesa e dirige sentidas condolências à família enlutada.”
Júlio de Oliveira Gago, presidente da Círculo de cultura Teatral. Teatro Experimental do Porto
“Será sempre uma das memórias maiores do Teatro Experimental do Porto. E do património cultural do povo português e da Humanidade. Para Júlio Resende, a nossa homenagem.”
Rui Mário Gonçalves, crítico de arte
“Júlio Resende mostrou sempre a vontade de ser um artista o mais completo possível. Ele tinha um gosto especial em levar os alunos para o exterior e colocá-los em contacto directo com as populações rurais. Foi o pintor da sua geração que conjugou os neo-realistas e os abstractos.”
Escultor José Rodrigues
“Estou muito comovido, é como se fosse meu irmão. Perdeu-se um grande homem, um grande artista.”
Francisco José Viegas, secretário de Estado da Cultura
“Júlio Resende era uma personalidade de inquestionável valor artístico, ético e humano. Representou Portugal no mundo inteiro partilhando com os outros o valor das suas obras em todas as principais Bienais de Artes Plásticas. Mas nunca perdeu a simplicidade e a ligação que o unia ao Porto que tanto amava.”
Câmara Municipal de Gondomar
“É uma grande perda para as artes e para o país. Foi com profundo pesar e tristeza que acabámos de receber a notícia da morte de um dos grandes nomes das artes. Era um grande humanista e uma referência ética e social. Era um homem simples, cordial e com uma grande vontade de colaborar.”
Graça Morais, pintora e aluna de Júlio Resende
“Era um grande mestre e artista. Deixa o país mais pobre porque não teremos novas obras. Apesar de ser uma morte esperada, porque ele estava doente há algum tempo, é sempre com muita mágoa que se recebe a notícia de um grande mestre e amigo. Eu tinha uma grande admiração e carinho por ele porque como professor foi sempre de uma grande delicadeza com os alunos.”
Germano Silva, historiador
“Ele era uma pessoa muito extrovertida, uma pessoa que vivia sobretudo para arte, que tinha uma obsessão pela arte, pela perfeição, o que o levou à criação do Lugar do Desenho. Ele tinha imensos desenhos e, para que não se perdesse essa obsessão, criou esse espaço. Viajei com ele em Goa, porque ele fez lá uma exposição e admirei sobretudo a maneira aberta como contactou com as pessoas de lá. A sensibilidade que ele demonstrou pelas cores e pelos odores, que depois transportou para as telas no ciclo de Goa, no que deve ter sido um dos momentos mais fascinantes da obra do Júlio Resende. As legendas que ele fazia para os seus quadros, para as suas obras, os catálogos, eram de um português exemplar. Era um homem que sabia utilizar as palavras da mesma forma que usava as tintas e a paleta.”
Notícia actualizada no dia 22/09 às 10h40 in http://www.publico.pt/
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Cumprimentos, Egidio Santos
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Correio do Porto
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