… Naquele dia, ao olhar pela janela do comboio que apanhava todos os dias e ao observar a paisagem que se ia transformando a correr à frente dos seus olhos, Débora suspirou. Aquele dia tinha sido longo, recheado de peripécias e imprevistos, curvas e contracurvas, como uma estrada secundária antiga. Um daqueles dias que Débora alegremente passava bem sem. Aliás, dispensava mesmo. Sem olhar para trás. De tal maneira tinha o dia sido atribulado, que Débora só pensava, desejava, almejava chegar a casa, à sua casinha, para um delicioso e luxuoso banho de imersão, para deixar a reconfortante água quente limpar todos os resquícios daquele dia no mínimo surpreendente. Mas naquele dia, logo naquele dia, algo se lembrou de acontecer que pôs todos os planos de Débora em lista de espera.

O quê? Isso agora cabe ao leitor decidir…

Por Fátima d’Oliveira, que vive em Vale de Santarém, Portugal.