Parei em frente à vedação e espreitei.
Três gatos, bem crescidos, de pelo a brilhar ao sol.
Assustaram-se. Um deles eriçou-se.
Afastei-me a pensar nele e em todos nós.
Somos o espaço que ocupamos, o som que deitamos para fora.
Mas vivemos escondidos, criaturas discretas e invisíveis.
Por um dia, vou experimentar existir a sério, ocupar o meu lugar no mundo.
Viver e ser visto, dizer do que gosto a quem gosto.
Se correr bem, continuo.
Quero ser um gato feliz.
Por Rui Cruz, que vive Lisboa, Portugal.