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Carmem da Costa Guimarães (1939)

Carmem da Costa Guimarães (1939)

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CARMEM da Costa Guimarães nasceu em 1939, em S. João de Calendário, Vila Nova de Famalicão. Veio viver para a Póvoa de Varzim no início da década de 70, por isso já se sente poveira. Casou em 1960 com David Carvalho e tem um filho. Proveniente de uma família humilde, frequentava a escola primária e já ajudava o pai numa tipografia. Concluída a quarta classe foi aprender costura para uma mestra e não conheceu outra profissão durante toda a vida.

“Com oito anos já ia com o meu pai para a tipografia Minerva, em Famalicão, ajudá-lo a encadernar livros. Eu era a mais velha de quatro irmãs. Comecei logo a rabiar nos afazeres domésticos”, contou à nossa reportagem.

Embora fosse boa aluna, Carmem teve que deixar a escola para aprender uma profissão. “Como gostava muito de costura, não foi difícil lidar com a tesoura e com as agulhas, seguindo todos os ensinamentos da mestra. Desde menina que tinha habilidade para desenhar peças de roupa. Riscava e cortava um avental no tecido e a minha mãe cosia na máquina. Na idade de namoriscar já fazia todas as roupas que vestia”, revelou Carmem Guimarães.

Uma vida a dois trouxe a vontade de investir na sua criatividade: “Quando casei, trabalhava num atelier que só tinha clientes endinheiradas. Como sabiam que era eu que fazia as roupas, quando me estabeleci por minha conta vieram atrás de mim. Deixei de ter tempo, até para dormir. Trabalhava noite e dia para, a tempo e horas, entregar as encomendas. Fiz muitos vestidos de casamento e todo o tipo de fatos e vestidos para cerimónias importantes”.

Carmem Guimarães soube apostar no seu negócio, criou amizades e raízes: “O Amorim Alves, que era gerente da Shell, convidou o meu marido para gerir a contabilidade da empresa na Póvoa e viemos para cá viver. Fui-me adaptando à cidade, mantive clientes e ganhei novos. Em pouco tempo comecei a trabalhar para as grandes famílias poveiras. Tinha clientes que quase todas as semanas iam ao Casino e sempre que lá iam, encomendavam um vestido. Cheguei a ter cinco empregadas e duas boutiques de venda ao público”.

Para angariar mais clientes começou a organizar desfiles de moda com as suas criações: “Convidava as senhoras de boas famílias poveiras, algumas clientes, para assistir às passagens de modelos que organizava no Hotel Vermar, com roupas tiradas da minha cabeça. O desfile abria com um casal de crianças vestidas com o traje tradicional do rancho poveiro, e eram as minhas empregadas mais bonitas e elegantes que desfilavam ao lado de outras raparigas bem-feitas”.

No final, numa sala do hotel, recebia as senhoras interessadas em comprar ou encomendar uma peça de roupa identificada pelo número que a modelo levava, na mão, enquanto desfilava: “Fiz muitos serões para entregar as encomendas”.

Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA.

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