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Álvaro da Cruz Loureiro (1949)

Álvaro da Cruz Loureiro (1949)

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ÁLVARO da Cruz Loureiro nasceu em 1949, em Barcelos. Fez a quarta classe e aos 11 anos foi trabalhar para uma olaria. Até ser chamado para o serviço militar manteve a profissão de oleiro. Depois, emigrou para a Suíça onde trabalhou na construção civil, durante 13 anos. Regressou e abriu um negócio de venda de loiças. Para além das feiras semanais, faz a feira anual da loiça da Senhora das Dores, na Póvoa de Varzim, há 29 anos consecutivos. É casado com Alice Fonseca e tem um casal de filhos.

“No meu tempo, os estudos eram para os filhos de gente rica. Acabei a primária e fui logo aprender a arte de oleiro. Era um tempo em que as mãos não chegavam para alimentar as bocas e por isso íamos trabalhar. Ganhávamos umas misérias que reduziam um pouco a que existia em casa. Nos primeiros tempos a gente pisa o barro e arrasta para os oleiros fazerem as peças. Depois, aos poucos, vai aprendendo com o olho e algum jeito. Ainda leva um aninho a aprender e a soltar a arte das mãos”, lembra Álvaro Loureiro.

A olaria em Barcelos semeia-se por várias freguesias a nordeste do concelho, como Galegos Santa Maria, Roriz, Oliveira, Lama Ucha ou Areias de São Vicente. São terras muito ricas em água e barro. Esta riqueza natural acabou por modelar a cultura e a economia da região, desde tempos ancestrais até aos dias de hoje. “Extraíamos o barro das barreiras. Depois era descarregado numa espécie de eira e amassado pelos bois e pelos pés da gente. Quando estava pronto, as mãos criavam e o forno a lenha cozia. Eram 18 horas a meter lenha e a cozer até aos 1200 graus. Agora, com fornos a gás, em dez horas a loiça está pronta a vender. Ainda hoje as pessoas reconhecem Barcelos como o berço da loiça”.

Álvaro Loureiro recorda a roda a pedal onde do barro surgia a peça desejada: “A medida ou o peso do barro já estava no hábito da mão, fosse um prato, uma malga, uma frigideira ou um alguidar. A gente punha uma ou duas manadas na roda, dava ao pedal, sempre com as mãos molhadas para modelar a peça por dentro e por fora. Também fazíamos loiças por encomenda. Antigamente toda a loiça era de barro, os púcaros, os potes, os cântaros, as caçoilas, as moringas, as sopeiras, as chocolateiras, as canecas, os pratos, as tigelas, os alguidares, as assadeiras, as ânforas ou as bilhas. Como os alguidares eram muito usado na matança do porco fiz centenas deles”.

Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA.

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