SUYAN de Melo nasceu na cidade de Araranguá, estado de Santa Catarina, sul do Brasil. Hoje vive no mesmo estado, mas na cidade de Laguna. Desde os vinte anos que se dedica à produção de narrativas curtas e, recentemente, à poesia visual. O ambiente que a rodeia serve de matéria-prima para a sua produção artística. Já visitou Portugal, sem contudo ter tido tempo para explorar o Porto. A correspondência postal não lhe é estranha, pois a partir dos dezasseis anos que troca cartas e postais com amigos espalhados pelo mundo inteiro.
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
Nasci em 6 de dezembro de 1979, na cidade de Araranguá, estado de Santa Catarina, sul do Brasil.
2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
Cidade de Laguna, estado de Santa Catarina, Brasil.
3 – Em que outros locais viveu de modo permanente?
Araranguá, São José e Florianópolis.
4 – Habilitações literárias?
Produção de narrativas curtas desde os vinte anos de idade, principalmente contos, crônicas e poemas. Investigação pessoal dos limites entre gêneros literários, e de relações entre poesia, arte visual e poesia visual. Tem textos publicados em sítios da internet e em diversas obras físicas de autorias coletivas. Em geral chama de Coisa-poema os resultados da sua produção artística, especialmente a visual, que vem expondo em diversos espaços, como Instituto Cultural Chachá e o Cine Teatro Mussi, ambos no centro histórico de Laguna, tendo havido recentemente, neste último, exposição sua chamada Coisa-Poema n. 3.
5 – Atividade profissional?
Bacharel em Direito graduada em 2003, técnica judiciária/servidora do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina desde 2007. Artista visual autodidata.
6 – Em que medida o local onde nasceu e viveu ou vive, influenciou ou influencia a sua vida artística?[1]
Os cenários me influenciam na medida em que servem de matéria-prima, seja na literatura ou na arte visual, positiva ou negativamente, material ou imaterialmente. Por exemplo, uso as letras para descrever um pormenor do cotidiano que por algum motivo me instigue a vontade de o registrar. E uso a arte visual para trabalhar em minha grande inspiração (isso faço desde criança, antes sem ter consciência do que fazia): a investigação empírica (e também teórica) com vistas à transformação do que se chama de lixo, do que se produz e muitas vezes inconscientemente se descarta a título de lixo. Assim, pelas lentes e provocações da arte, procuro de alguma forma modificar o cenário (qualquer que seja o lugar) onde eu esteja.
7 – Quando pensa na cidade do Porto lembra-se imediatamente de quê?
Da única visita que fiz a Portugal, no vosso verão de 2008. E de uns chocolates artesanais maravilhosos que lá se produzem e com os quais fui muitas vezes presenteada. E por fim acabo lembrando o Álvaro de Campos, a Tabacaria, “(…) Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates (…)”, e confesso que esse último pensamento me bagunça por dentro.
8 – Já visitou o Porto? Em caso afirmativo, por que motivo e qual a ideia com que ficou da cidade e da região?
Explorando Portugal e Espanha em julho de 2008, na companhia de amigos portugueses, jantei em casa de uma amiga residente em Vila Nova de Gaia, após termos visitado Santiago de Compostela no dia exato do santo. Era muito tarde para ainda irmos explorar o Porto depois da excelente mesa portuguesa com que nos recebeu, então esta visita específica ficou para uma próxima viagem.
Literatura postal
9 – Tem a mania dos postais? Em caso afirmativo como explica essa apetência por uma literatura tão sucinta e tão efémera?
Quando adolescente fiz publicar um anúncio de troca de postais em uma revista. Cresci fazendo essa troca. Daí vieram também o gosto pela filatelia e centenas de amigos e amigas pelo mundo todo (alguns viraram grandes amizades que perduram no tempo). Isso foi ainda antes da popularização da internet no meio em que eu vivia. Cada carta e postal (geralmente com fotografias de aspectos das cidades) eram ansiosamente aguardados e me abriam como que uma janela no dia em que chegavam.
10 – Sente mais prazer em comprar, escrever e enviar o postal, em saber que foi recebido por outro ou em receber postais de outros?
Sentia muito prazer em tudo isso, principalmente no momento de enviar e receber, e hoje eventualmente agrego o valor de produzir artesanal e artisticamente o que envio, sempre investigando e experimentando os processos de transformação de material de descarte. Na arte deste postal que fiz especialmente para a convocatória, por exemplo, usei como suporte um postal publicitário que seria descartado como um lixo qualquer.
11 – Tendo em conta a popularidade da correspondência postal, será que podemos falar de uma literatura postal, quem sabe como uma derivação dos contos ou microcontos?
Nunca me prendi nessa questão teórica acerca da correspondência postal. O que sei é que desde os meus dezesseis anos, quando publiquei o anúncio de amizade, a troca de cartas e postais mudou consideravelmente meus horizontes sobre o mundo e minhas inter-relações pela vida afora. Hoje, era digital em que é bem mais raro o ato de enviar e receber cartas pessoais/cartões postais e afins do que vinte anos atrás, e agora em que me dedico à arte visual (e não só literária) também nas correspondências, hoje, quando posto uma carta nos correios, tenho um pouquinho a sensação do lúdico que seria enviar mensagens em garrafas, clássico tão explorado no imaginário/nas histórias desde sempre.
12 – Endereço na web/blogosfera para a podermos seguir?
Tenho um blog que dormiu no tempo por quase sete anos, e recentemente despertou: www.suyanmuitonatural.blogspot.com.br
[1] NOTA: a pergunta pressupõe a defesa da teoria do Possibilismo (Geografia Regional ou Determinismo mitigado) de Vidal de La Blache, depois seguida em Portugal por Orlando Ribeiro, de que o meio (paisagem, rios, montanhas, planície, cidade e, acrescentamos nós, linguagem, sotaque, festividades, religião, história) influenciam as opções profissionais e artísticas dos naturais desse lugar.
Floreios por Suyan de Melo para a I Convocatória de Histórias em Postais.