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Etelvina Osório de Almeida Sarmento (1937)

Etelvina Osório de Almeida Sarmento (1937)

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ETELVINA Osório de Almeida Sarmento nasceu em 1937, em Lamego. Casou há 46 anos com Mário António Sarmento e tem um filho. Concluiu o curso geral dos liceus e ainda foi estudar para Coimbra com o sonho de um dia ser Pediatra, mas não concluiu o curso. Descendente dos Sarmentos, uma família abrasonada, verdadeiramente nunca teve uma profissão, mas desde a adolescência que se solidarizou com muitas causas.

“Os meus pais tinham uma quinta enorme em Lamego, com muita fruta e vinho. Tínhamos um caseiro a tratar da quinta, que fazia margem com o rio Douro. O meu pai era armazenista e tinha comércio. A minha mãe era directora dos correios de Lamego. Cresci entre brinquedos e bonecas, num tempo de muita miséria. Recordo que durante a II Guerra Mundial as pessoas passavam muita fome, era tudo por senhas e ração. Como vivia numa casa farta, distribuía frutas e comida pelas outras crianças. Cresci com esta postura, sempre gostei de ajudar as pessoas”.

Mesmo pertencendo à alta sociedade de Lamego, Etelvina Sarmento recorda os ensinamentos de sua mãe: “Dizia sempre que o futuro a Deus pertencia e era preciso estar preparada para todas as circunstâncias. A minha mãe era uma pessoa muito culta e sabedora. Ensinou as filhas, ainda pequenas, a costurar, a fazer croché e a cozinhar. Tínhamos criadas, mas ela mandava-as sentar e ensinava-me todos os segredos da cozinha. Na altura não achava piada, mas hoje agradeço toda a aprendizagem. Se há coisa que semeei pela casa foi panos de croché, almofadas e colchas”.

O acto de ajudar esteve ligado a uma religiosidade contínua: “Fui sempre uma pessoa de fé. Integrei a Acção Católica, onde dei catequese, fiz teatro e recitais de poesia, sempre de cariz religioso. Em Coimbra, conheci o professor Bissaya Barreto, pessoa bondosa e médico-cirurgião da Universidade de Coimbra. Como estávamos num tempo em que a lepra se propagou, ele conseguiu convencer o Salazar a construir a Leprosaria Nacional Rovisco Pais, na Tocha, entre Cantanhede e Figueira da Foz”.

Este hospital, inaugurado em 1947, passou a receber famílias inteiras de leprosos, que eram separados à entrada, mulheres, homens e crianças. “Eu e a minha amiga Patrícia Gouveia demos apoio e educamos muitas crianças na colónia Rovisco Pais. Esta doença deixou muitas crianças órfãs. Passei muitos meses nesta instituição e dormia em Coimbra na casa da minha prima Patrícia Gouveia, que foi esposa do piloto que faleceu no acidente ou atentado de Camarate, que vitimou Sá Carneiro e Amaro da Costa. Não fui pediatra, mas acabei a lidar com as crianças. Quando o médico saía era eu quem dava as injecções”, recordou à nossa reportagem.

Leia a notícia na íntegra na edição impressa da A VOZ DA PÓVOA.

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