Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
Publicado in Esconderijos do tempo, Porto Alegre, 1980
O poema
Uma formiguinha atravessa, em diagonal, a página ainda em branco. Mas ele, aquele noite, não escreveu nada. Para quê? Se por ali já haviam passado o frêmito e o mistério da vida…
Por Mario Quintana in Sapato florido, Alfaguara, 2.ª reimpressão, 2017, página 262.
Ars Longa
Um poema só termina por acidente de publicação ou de morte do autor.
Por Mario Quintana in Caderno H, Alfaguara, 2.ª reimpressão, 2017, página 251
Poesia & Magia
A beleza de um verso não está no que diz, mas no poder encantatório das palavras que diz: um verso é uma fórmula mágica.
Por Mario Quintana in Caderno H, Alfaguara, 2.ª reimpressão, 2017, página 281.
Texto & Pretexto
O tema é um ponto de partida para um poema e não um ponto de chegada, da mesma forma que a bem-amada é um pretexto para o amor.
Por Mario Quintana in Caderno H, Alfaguara, 2.ª reimpressão, 2017, página 282.
Da difícil facilidade
É preciso escrever um poema várias vezes para que dê a impressão de que foi escrito pela primeira vez.
Por Mario Quintana in Caderno H, Alfaguara, 2.ª reimpressão, 2017, página 331