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O Futuro é hoje!

O Futuro é hoje!

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REYNER Banham disse “Vi o futuro da cidade”, referindo-se à sua análise sócio-espacial de Los Angeles. A leitura dividia a cidade em quatro “ecologias”: a praia, a planície, as montanhas e as autoestradas. Cada uma representava um habitat humano diferente; com a sua respetiva lógica, seus atores, os códigos sociais e expressões espaciais. Talvez sem intenção, redefiniu a legenda do mapa urbano. Para além das condições físicas ou categorias funcionais de planeamento, inclui também os aspetos sociais em cada contexto – um ecossistema social.

O planeamento do território refere-se sempre ao futuro. É uma resposta em termos da organização territorial, além de tentar prever e antecipar novas tendências. O objetivo é sempre criar melhores condições para a vida futura, melhorar as possibilidades nas gerações futuras. Fazemo-lo em conjunto, enquanto sociedade e indivíduo. Mas, ao mesmo tempo, é impossível prever o futuro. Ao planear o futuro podemos também estar a criar novas utopias ou castelos de areia. Ficámos deslumbrados com as mega infra-estruturas urbanas como a “peripherique” em Paris. Agora acreditamos que andar a pé ou de bicicleta é melhor. Mas teremos a certeza? Melhor para quem?…

Talvez o futuro seja equivalente ao passado, na medida em que diz algo sobre o nosso estado atual. Projetar o futuro passa também por compreender as partes fortes e fracas da sociedade, tentando sempre melhorá-las. Por vezes, seguindo o caminho da continuidade, da tradição. Por vezes, através de novas tecnologias e ideias, de uma intervenção de ruptura.

É importante explorar, de forma ampla, o futuro das paisagens urbanas. Especialmente porque nos afetará a todos. Projetar possíveis realidades não é domínio exclusivo de uma profissão ou disciplina. Não é certamente a ciência espacial onde uma descoberta passada é extrapolada para o futuro. É como se no futuro, a legenda do mapa tivesse continuado a mesma, representando as mesmas velhas lógicas, a mesma classificação no futuro mapa. A tentativa de prever o futuro necessita de um esforço real através de outras perspetivas. Banham “viu o futuro” porque ousou a olhar de modo diferente. Conseguiremos nós fazê-lo com o atual monstro burocrático do planeamento?

The Future is today!

ONCE, Reyner Banham said, ´I saw the future of the city´, referring to his socio-spatial analysis of Los Angeles. In his reading the city was based on four “ecologies”: the beach, the plain, the hills and the highways. Each one represented a different human habitat, with its own logic, actors, social codes and spatial expressions. Perhaps unintentional, he also redefined the city map’s legend. It was not only based on physical conditions or planning function categories, but it also included social aspects of its milieu, its social ecology.

In (spatial) planning it is all about the future. To predict and anticipate new trends, and to response in terms of territorial organisation. The aim is to create better conditions for future life, better possibilities for next generations. We do this together, as a society and as individuals. At the same time, it is impossible to know the future.

Planning the future may also create new utopias or sand castles. Once, we all loved mega urban infrastructures as the “peripherique” in Paris. We were fascinated about it. Now, we believe that walking and biking is better, but are we sure? Better for whom?

Perhaps the future is equivalent to the past, it says something about us today. Projecting the future is also about understanding the weak and strong parts of society, trying to improve them. Sometimes in line of continuation, tradition. Sometimes with new technologies or ideas, as a rupturable intervention.

It is important to explore in a broad manner the future of the urban landscapes. Especially because it will affect all of us. Projecting possible realities is not of a dominium of any discipline or profession alone. It is certainly not spatial science where findings of the past are often extrapolated into the future. As if in the near or long future the legend of the map will be still the same, representing the same old logics, the same old classification of the future map. Trying to see the future needs also a real effort to look with other perspectives. Banham saw the future on earth because he dared to look different. Can we still do the same within the actual bureaucratic monster of spatial planning?

SOBRE O AUTOR: Daniel Casas-Valle (Utrecht, 1973) é urbanista, investigador e cidadão do Porto. Atualmente está ligado ao Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto), onde elaborou seu doutoramento. Também desenvolve prática em urbanismo na Urban Dynamics (www.urbandynamics.info)

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