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Poesia por Jorge Sousa Braga

Poesia por Jorge Sousa Braga

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Não tiveste ainda tempo de
comemorar a vitória sobre
a corriola e já estás de novo
em guerra agora com o escalracho
Preocupado com as beringelas
os tomates os pepinos de conserva
é uma luta inglória a que se
prenuncia  A essa erva
outra se seguirá nem que seja
a mais daninha das ervas
– a poesia

Publicado in O poeta nu [poesia reunida], Assírio & Alvim, 2.ª edição, abril de 2014, página 369, com o título Erva daninha

*

OUTRA ELEGIA

Junça e escairacho, herbicida
nenhum as destrói.
Manto no Verão
cobrindo, Mãe, teu corpo.

Arranco-as, estigmas,
dessa campa; raízes
ficarão, destroçantes. Estás
na escória da terra, no florescimento

raso de tanto mal
ainda sobre ti latente?

Será que a morte se irriga
em morte, se traslada, viva,

em seres afinal corrosivos?
Pecarei contra ti arrancando
estes resíduos,
do teu desaterro já próximos?

in A luz fraterna, poesia reunida [Felicidade da pintura], Assírio & Alvim, setembro 2009, página 164

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