ENDI, meu primeiro filho, veio ao mundo no dia oito de fevereiro de 2019. Tentar descrever a felicidade que senti quando, às onze horas e treze minutos daquela manhã de sexta-feira, escutei o choro do meu pequeno… bem, perdoem-me, mas eu não teria as palavras certas para fazê-lo. Nesta crônica, portanto, tudo o que farei é relatar os momentos que antecederam o parto; prestando ao mesmo tempo uma homenagem às enfermeiras do Hospital Hamada, cujas habilidades evitaram com que este pai de primeira viagem, em caso de desmaio, não fosse também internado às pressas…
Pois, sim, confesso que, naquele dia, quase tive um piripaque: afinal, eu estava ao lado de minha esposa na hora da cesariana enquanto o médico, com o bisturi na mão, dizia-me, sereno: “Pode filmar, tirar fotos etc”.
Antes, porém, desse momento crucial, permitam-me detalhar a agonia já na sala de espera. Minhas mãos, trêmulas, quase que não conseguiram colocar a bata e a touca necessárias para acompanhar o parto. Foi quando surgiu o primeiro anjo, ou melhor, enfermeira, para ajudar-me ao mesmo tempo em que dizia: “Otousan, daijoubu!” (“Vai dar tudo certo, papai!”). Em seguida, outra enfermeira levou-me até o quarto onde eu ficaria aguardando ser chamado e perguntou-me se eu queria beber algo para relaxar os nervos ― confesso que, naquela altura, pensei que uma cachaça viria mesmo a calhar. Contentei-me, porém, com um copo com água.
E assim fiquei, ora com um gole de água, ora com um resto de unha, até que a enfermeira veio novamente, dessa vez, para levar-me ao local onde minha esposa, o médico e quatro outras enfermeiras esperavam-me com um sorriso. Foi quando perguntei: “Nasceu?”. Mas tudo o que a enfermeira fez foi posicionar uma cadeira junto à mesa de operação na qual estava minha esposa, que, pasmem, ainda estaria consciente, conversando tranquilamente comigo, até o momento do primeiro choro do bebê.
Todos, portanto, em uma calma oriental que claramente contrastava com este surtado “pai latino”: o qual, no instante do nascimento, chorava de mãos erguidas para o céu enquanto gritava “obrigado, meu Deus!”. Mais tarde, aliás, uma das funcionárias do hospital comentou que o meu choro exacerbado fora “muito divertido”. E mais: que, pela primeira vez no hospital, um pai demonstrara tanta, digamos, emoção.
Levei tudo na esportiva, claro, e até com um certo orgulho de minha “latinidade exagerada”. O engraçado foi que, pouco tempo depois, passando em frente ao berçário, vi meu pequeno Endi esperneando e, aos gritos, lutando contra duas enfermeiras que, fazendo caras e bocas, tentavam dar-lhe a mamadeira…
Era já o meu bebê mostrando que com “latinidade” não se brinca.
EDWEINE LOUREIRO nasceu em Manaus (Amazonas-Brasil) em 20 de setembro de 1975. É advogado e professor de idiomas, residindo no Japão desde 2001. Premiado em concursos literários no Brasil e em Portugal, é autor dos livros “Sonhador Sim Senhor!” (2000), “Clandestinos” (2011), “Em Curto Espaço” (2012), “No mínimo, o Infinito” (2013) e “Filho da Floresta” (2015), “Trovas escritas no tronco de um bambu” (2018) e, mais recentemente, pela editora alemã JustFiction! Edition: GOTAS FRIAS DE SUOR (Microcontos góticos, 2018):
https://www.morebooks.shop/store/gb/book/gotas-frias-de-suor/isbn/978-613-7-39949-1
Página para contato com o autor: https://www.facebook.com/edweine.loureiro
E viva o sangue latino e o amor de vocês dois, ops, três!
Que o Endi seja bem vindo e bem feliz.
Depois de tanto tempo em espera, ele chegou. Endi estava sabendo que seria acolhido com emoção e alegria, pois muito tempo esperado. E Nao Yamada, a mamãezinha, mais feliz ainda.
Parabéns pela crônica, já felicitei pelo Endi e breve terás o pequeno a correr pela casa. Já sabes da latinidade, então, cuida dos teus troféus.
Beijos, meu querido poeta, escritor, cronista, trovador e papai emocionado.
Obrigado, Poeta Maura, que há tanto tempo nos acompanha. Emocionado com suas carinhosas palavras 😘 Beijos poéticos do Japão. Edweine Loureiro
Emocionante!
E eu, ainda embargada pela emoção da descrição de tão lindo momento, imagino, você, meu POETA amigo, tremendo nesse instante mágico, vendo chegar ao mundo, um pedaço seu, a continuação da vida de duas pessoas unidas pelo amor.
Sua “latinidade exacerbada”, nada é, que amor em forma de agradecimento, sentimento tão presentes no coração, na vida e na alma de um pai. Parabéns pelo seu mais precioso troféu. Que DEUS abençoe seu filho.
É verdade primo é muito emocionante
Como voce falou tanta emoção e junto uma felicidade grande
Parabéns.
Edweine ,meu irão trovador. que esta maravilhosa criança seja uma bênção na vida de vocês. Sua pessoa simples, simpática é merecedora de toda essa felicidade. Parabéns, pela linda crônica emocionante e que seus passos sejam palmilhados de glórias na Literatura. Um sincero e fraterno abraço à família Loureiro. Deus os abençoe sempre.
Tão bom ler uma crônica de um pai feliz com a chegada de um filho! Parabéns pela crônica e muitas felicidades para o papai… para a mamãe e o filho!!!
Queridas amigas Elisabeth, Maura, Lenir, Maria Nelsi e primo Gedimar: muito obrigado por esse enorme carinho e pelas palavras de cada um de vocês em relação a esta crônica tão especial em minha vida. Beijos meus, de minha esposa e de meu pequeno Endi.
Ana Esther, muito obrigado por essas emocionantes palavras, querida. Ficamos felizes. Abraços poéticos do Japão.