TERRAIN Vague, conceito que nomeia este trabalho, define, pelas palavras de Ignasi de Solà-Morales, espaços expectantes, (…) mais ou menos indefinidos nas periferias difusas. São manchas de “não-cidade”, espaços ausentes, ignorados ou caídos em desuso, alheios ou sobreviventes a quaisquer sistemas estruturantes do território.(1)
As ruas e estradas fotografadas são o arranque de novas infraestruturas, espaços de expectativa, são também, lugares de ambiguidade e de indeterminação, de instabilidade e de incerteza que apenas garantem a metamorfose, em infinitas possibilidades, da malha urbana.
Este trabalho pretende representar uma espécie de “Outro” da cidade onde se questiona, através do distanciamento, um processo de apropriação acrítico. Estas imagens procuram colocar o indivíduo/espectador num espaço, físico e mental, cujo modo de percepção vai passar além dos limites desse mesmo espaço, criando uma oportunidade de alternância, de utopia, de distância para a contemplação, que não deixa de ser parte integrante da cidade. Procura uma compreensão do espaço urbano como um território vivo, em metamorfose, que responde e respira a diferentes estímulos. Estas ruas e estradas são como o repertório do potencial, do hipotético, do que não é nem foi nem talvez seja alguma vez, mas que poderia (ou pode ainda) ser.(2)
Menção Honrosa “Novos Talentos FNAC – Fotografia 2016”
Publicado na Scopio: https://www.scopionetwork.com/node/793#1
e em http://cargocollective.com/anaborges/Terrain-Vague
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(1) Ignasi de Solà-Morales in “Terrain Vague” in “Anyplaces”, 1995
(2) Italo Calvino in “Visibilidade” in “Seis Propostas para o Novo Milénio”, 1988 (a expressão entre parêntesis – ou pode ainda? – não pertence ao texto original)