3.
O FAVOR E O AMOR
De cor sei
A dor
O favor
O fervor
O calor
Sei mais coisas de cor
A escuridão
A solidão
(a solidão)
A tensão
A aflição
E
A beleza
(a Beleza ainda não)
A tristeza
(essa!)
Mais
A baixeza
A incerteza
(A flor) A Natureza?
De cor sei a cor
De-cor-sei-o-amor-e
o Amor
De cor não.
in A violação do amor, Propagare, 2016, página 138
2.
O SOM DO SINO
Perde-se redondo o som do sino
Chega lenta a água à areia seca
O último tronco da lareira
Desprende-se a folha e outra
O Sol dá lugar à Lua
Escurece sobre o campo-santo. Onde.
O corpo sua
A alma nua
Tua
in A violação do amor, Propagare, 2016, página 51
1.
UM INVERNO INTEIRO
Um instante
De uma tarde de Verão
Pode.
Pode dar-te um Inverno inteiro
Um sorriso breve
E breve uma palavra.
Nesse mesmo instante, o mesmo
in A violação do amor, Propagare, junho de 2006, pág. 91
Manuel de Souza Falcão vive e trabalha no Porto. É artista visual e docente. Formado em Desenho pela ESAP, em História da Arte pela FLUP, em Ensino da História pela ESEP e mestrando em Filosofia Contemporânea (Estética) na FLUP. Participou em cerca
de 40 mostras de artes plásticas (individuais e colectivas). Como poeta publicou Metade da Coisa, (2009) e A Violação do Amor (2016), ambas pela Propagare Edição, Colecção Poesia 1 e 5. É ainda divulgador de artes plásticas e de literatura.
Querido Correio do Porto, há muito que não te visitava: impossibilidades que COVID 19 impõe; a China não me enviava mascarilhas e eu, medroso e ainda combalido de cirurgias em junho e agosto, retive-me… Isto é apenas “desculpa de mau pagador”, pois, ainda antes desta pandémica (ou eu desejaria dizer “pândega”?), também há muito que não te visitava, amigo Correio do Porto. Mas agora gostei de alguém falar do Egipto Gonçalves e do Manuel Souza Falcão. Agradeço e prometo estar mais atento. E reparo que, amigo Correio, continuas viçoso, não te acabrunhaste com a “pândega” dos confinamentos. Continua!