Assim, também a deslizante caneta
que mancha uma superfície
não tem consciência do objectivo
de qualquer traço
ou que o todo terminará
como uma amálgama
de heresia e sensatez;
por isso ela confia na mão
cujo discurso silencioso anima
os dedos palpitantes –
cujo espasmo não colhe pólen
mas sossega o coração
tradução de Jorge Sousa Braga, in Animal Animal um bestiário poético, Assírio & Alvim, fevereiro 2005, parte XI inserta no poema dedicado à Borboleta, página 41