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A cadeira do poeta

A cadeira do poeta

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Estava eu a pensar de pé quando me surgiu pela primeira vez um pensamento sobre a cadeira.

Depois sentei-me e a cadeira pensou o resto por mim.

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Notícia do dia: havia uma cadeira vazia

Ninguém sente o peso da nossa ausência como a cadeira

A cadeira foi feita para sentar quer queira quer não queira

Quem senta em primeira classe tem muito que aprender

Por maior que seja a cadeira não passa de um h minúsculo

O colega de carteira ficou nosso colega para a vida inteira

Chumbou o ano por deixar cadeiras por fazer

Se não fosse poeta o destino era ser marceneiro

Na dança das cadeiras quem se atrasar perde o lugar

O tribuno empolgado sobe à cadeira para falar mais alto

Aquele que faz da cadeira um escadote sonha ser acrobata

Aproximou-se dos amigos e puxou uma cadeira

Na esplanada arrastam a cadeira por tudo e por nada

As cadeiras empilhadas andam às cavalitas umas nas outras

A cadeira de plástico é uma peça única

Há cadeiras que só estão bem na praia

A fim de evitar as queimaduras solares devemos aplicar verniz da melhor qualidade

No banco do jardim floresce a melancolia

Caramanchão soa a paixão

O baloiço do parque infantil sonha ser uma cadeira voadora

Os turistas visitam a catedral por ser um bom lugar para dormitar

No recinto do santuário a cadeirinha abre-se ao espírito de Maria

As cadeiras desdobráveis ora estão de pé ora estão sentadas

A cadeira mais sábia entre as cadeiras é a cátedra

No confessionário o peso da consciência faz dobrar os joelhos

As cadeiras do cinema vivem cada filme como se fosse um sonho

Aos assentos no galinheiro só lhes falta cacarejar

Gostava de se sentar junto à coxia para cochichar

É oficial: um exército de cadeiras vive acantonado nas bancadas do estádio

Ninguém gosta de ficar sentado no banco dos suplentes

A cadeira do árbitro de ténis está acima de qualquer suspeita

Parece mentira mas há quem passe o dia sentado no Banco de Portugal

Às vezes a vida parece um carrossel em dias de feira

No lugar do morto senta-se primeiro um vivo

Andava de cavalinho a engraxar os sapatos aos clientes

Houve um tempo em que as carreteiras levavam à cabeça uma coroa com quatro ou mais cadeiras

O barbeiro tem uma cadeira para todo o tipo de cabelo

Quando vamos ao dentista todos nos deitamos ao sentar

No snack-bar até parece que se come de pé

O banco dos réus não tem culpa nenhuma de se chamar assim

A cadeira de costas largas aguenta com tudo

Devia ser proibido ligar a cadeira elétrica

Quem senta na cadeira de verga sente o corpo todo a ranger

Cuidado ao montar o cavalete que ele não te fuja da mão!

O cavalo de pau desatou a fugir com medo do caruncho

Quem se baloiça na cadeira tem sonhos ondulados

Comprou as cadeiras sem IVA por serem mais leves de transportar

A palavra mais elegante de uma sala é o canapé

O pufe é a onomatopeia da sala

Nos bancos da cozinha podemos dormir ao comprido

Estofou a cadeira para ficar mais tenrinha ao sentar

O banco é o parente pobre da cadeira

Furou o assento do banco para pegar nele só com um dedo

Uma cadeira à janela é uma tentação para saltar por cima dela.

A sanita parece uma cadeira furada

Chama-se cadeirão à cadeira que se move ao encontrão

A cama é uma cadeira para descanso do corpo inteiro

Fez uma cadeirinha para dormir mais quentinha

O sofá é uma cadeira preguiçosa

A poltrona tem ar de mandona

Há cadeiras que nos recebem de braços abertos

O selim foi o máximo que se conseguiu arranjar para aquele fim

Ergonómica continua a ser uma cadeira pouco económica

Atenção: na cadeira de bebé está sentado um ditador

A cadeira manca à procura de um calço novo

Para não fazer barulho arrastou a cadeira pés ante pés

Infelizmente há cadeiras que precisam de rodas

Todos os tronos têm a mania das grandezas

A espreguiçadeira mais parece uma cama do que uma cadeira

As cadeiras de Van Gogh e de Gauguin foram pintadas de pé

A cadeira vive sentada à nossa espera

Ninguém sabe esperar como a cadeira

Mas de tanto esperar a cadeira ficou cansada

Vamos deitar a cadeira!

PML com exceção da imagem das cadeiras empilhadas que é da autoria de Pedro Lopes

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