Esta têmpera de urze,
giesta e arreçã, desenha na boca
o odor da água brava.
Agora são dentes de xisto
a mastigar como remo
que enterra a água ou,
faca aguçada que a corta
em duas metades: a maçã
como a água silente na planura dos lagos.
Texto de Óscar Possacos e ilustração de Alexandre Morais
Óscar Possacos (1962) é natural de Sendim da Ribeira, Alfândega da Fé. Por ora vive em Paredes. Com formação inicial em arquitetura exerce a atividade de professor de educação visual. E é poeta. Publicou “Lugar Quebrado” em 1982 e “Húmida Viagem” em 1984, tendo esta última obra poética sido distinguida com o Prémio Nacional Juvenil Ferreira de Castro. Recentemente deu à estampa “Cantaria” onde revela que estamos onde somos.
Alexandre Morais (Bonfim, Porto, 1952) licenciou-se em Artes Plásticas/Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e exerceu a docência (educação visual) até 2018. Participou em inúmeras exposições, individuais e coletivas. Atualmente, está associado à Galeria Olga Santos, no Porto.