Quero acabar como uma gata,
beber leite em tigelas de barro,
comer peixe fresco e fetos.
Quero ser uma gata para me deitar
entre os livros que estás a ler,
deixar pêlos meus pela casa toda,
arranhar-te as perna.
Quero acabar como uma gata,
para que me fales quando estiveres só,
convencido de que te nunca vou compreender,
rasgar-te papéis importantes,
extraviar adornos de valor.
Quero ser uma gata para de noite subir aos telhados
e ouvir-te desesperado a chamar-me:
Miau, miau, miau, miau…
in Qual é a minha ou a tua língua?, cem poemas de outras línguas, Assírio & Alvim, novembro 2003, página 40, tradução de Jorge Sousa Braga