CREDO
Creio que a minha poesia nasce da felicidade,
dessa consciência dolorosa de ser feliz
sem motivo, ser feliz como uma necessidade
intransigente que não admite os momentos
de tristeza, que exige o riso, o sol,
ao longo de todos os dias, nos momentos
mais inesperados porque para escrever
preciso de ser feliz, sentir-me como um
cavalo relinchante, explorar as palavras
como cerros, encher-me de erva daninha
e ardente até limite, até que me
saia a alma, o gozo que me faz poeta.
in Sonhos que nunca dormem, Exclamação, outubro 2023, tradução de Nuno Júdice, página 23