Na estrada, abraço de compasso,
dois braços, um apelo,
dedos de vento no cabelo,
mil milhas no regaço,
vamos os dois livres, sem cruz,
chibata no olhar langue;
são-nos enfeites alma e sangue,
e vamos nus! Nus! Nus!
…Nesse leito de alto espaldar
de almofadas de penas,
ao longe fogem nossas penas,
qual peixe à beira-mar.
E nos dois braços estendidos,
apenas corpos, vamos,
pelos dois lados, em dois ramos,
corações repartidos.
in A Grécia de que falas…, Antologia de poetas gregos modernos, tradução de Manuel Resende, Língua Morta, fevereiro de 2021, página 13