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Fernando Assis Pacheco

Fernando Assis Pacheco

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1.
A MINA

Os militados
muito aprumares
sobem aos ados
despedaçares

sobem aos ados
muito alinhares
já sem vagados:
despedaçares

longe nos lados
desapontares
«cabrões de azados»
cantam os fares

aos céus aos pados
lá vão formares
os militados
coitares coitares

2.
CATALABANZA

O arquitecto previu tudo:
pedras, tijolos,
argamassa; traves
de madeira; a cal branca;
mas agora o pé
embate numa telha,
já pisamos a casa;
e isto não desenhou ninguém
no estirador: esta guerra.

Agora há um movimento
frenético: dentes, ramos;
devoram o último
risco do arquitecto;
cozinha, copa anexa;
discreto living, amplo;
o varandim
com cadeiras de palha.

Resta sob a chuva
isto: estes detritos
mensuráveis de lixo.

Fernando Assis Pacheco (Lisboa – 1977), foi um jornalista, crítico, tradutor e escritor português. Reuniu toda a sua produção poética em A Musa Irregular (1991). Gostava muito de jogar à bola.

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