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A Quinta de Palmyra de Ramón

A Quinta de Palmyra de Ramón

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Algumas greguerías:

Cada janela de Portugal tem um significado próprio, uma fisionomia particular, um êxtase distinto. Uma é para o espírito observador, outra para o nostálgico, e ainda outra para o nervoso. (43)

A missão do mar é uma missão sem descanso… Está sempre a lavar os pés à terra para ganhar o céu. (54)

A paisagem deve ter dores de dentes. (44)

As papoilas são as gravatas que o campo usa. (64)

No campo, sente-se que é completamente indiferente sermos de um século antes ou de um século depois. (64)

Cobertas de verdor, as casas tinham o ar de mulher com um xaile aos ombros. Cobertas de trepadeiras, eram casas que era preciso pentear todas as manhãs. (74

As caçoletas dos telégrafos são pombas enforcadas. (75)

Os pinheiros são a popa dos nossos montes. (77)

Os crocodilos da solidão bocejavam no jardim. (146)

Os canaviais imitavam os milheirais, mas entre eles destacavam-se os bambus, todos desejosos de pescar, todos iludidos com o dia ideal em que pudessem lançar o anzol para longe. (147)

Com as brochas abertas, as palmeiras pintavam uma verdura optimista no céu e também eram como leques da rainha entronizada na tarde. (147)

Este pinheiro, tão só, é como o pastor de um rebanho de pinheiros que se lhe escaparam… (152)

Os moinhos parecem coquettes com a sombrinha ao ombro. (152)

Os troncos cortados na floresta sonham em ser navios. (157)

Ramón Gómez de la Serna, Vasco Santos Editor, 2022, tradução de Joana Varela

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Sentença Lebre

Ramón foi um dos espanhóis mais portugueses de Portugal. (PML)

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