O melhor poema polaco dos últimos anos.
Autor desconhecido.
Mas de certeza que não do poeta A,
do poeta B, do poeta S.
É um texto escrito com grande densidade
da direita para a esquerda
e da esquerda para a direita
de cima para baixo
e de baixo para cima
Transversalmente
e em minúsculas veias
até às margens finamente dentadas
O agente da alfandega não conhecia o código suspeito.
Só procurou cartas
apreendeu livros,
deitou fora fotografias,
rasgou diplomas.
O mais belo poema polaco dos últimos anos
acabou no estrangeiro.
E agora pode ser lido à contraluz
em Viena
em Toronto
em Haifa
em Amsterdão.
Como toda a verdadeira poesia –
é difícil de traduzir
para a pequena folha de uma bétula diferente
de um diferente cemitério.
versão para português de Jorge Sousa Braga a partir da versão para o inglês de Clare Cavanagh