João Luís Barreto Guimarães (1967)
Pelas duas da manhã o gato leva-me / à cozinha para / me dar de comer. Hoje à noite atrasa a hora -
José Rui Teixeira (1974)
trago dentro de mim um mar imenso / feito de vagas tristes / e sonhos vagos
António Osório
Porque há um sentido / no lírio, incensar-se; / e no choupo, erguer-se; / e na urze arborescente, / ampliar-se; / e no cobre, a primeira cura, / que dou à vinha, / procriar-se.
Olav H. Hauge
Constróis uma casa à tua alma. / E passeias-te orgulhoso / à luz das estrelas / com a tua casa às costas.
Egito Gonçalves (1920-2001)
Por aqui andamos a morder as palavras / dia a dia no tédio dos cafés / por aqui andaremos até quando / a fabricar tempestades particulares
Daniel Maia-Pinto Rodrigues (1960)
Sozinho em casa, com a tarde a anoitecer / entram-me na ensonada, enfermiça audição / os desvairados sons da cidade - / sirenes diversas em tumultos distantes.
Reiner Kunze
Manhã após manhã o seu toque devasta / o meu sono, como se fosse vontade de deus castigar aqueles / que à noite não conseguem adormecer / no mundo dele
Jorge de Sena (1919-1978)
Para a minha alma eu queria uma torre como esta, / assim alta, / assim de névoa acompanhando o rio.
Paulo José Borges (1969)
Na minha rua viviam // a Brazelina, / a Durvalina / o Porfírio, / a Aureliana / a Miquelina / a Iria / a Mimosa / a Evangelina / o Maximiliano / a Graziela / e até a Liberdade
Alexandre O’Neill (1924-1986)
Não o amor não tem asas / se tem asas são as mãos / que se enlaçam para a festa / maravilhosa do corpo / e entre elas o coração