Florbela Espanca (1894-1930)
Bocas rubras de chama a palpitar, / Onde fostes buscar a cor, o tom, / Esse perfume doido a esvoaçar, / Esse perfume capitoso e bom?!
Carlos Tê (1955)
Já não há mais o vagar / de quando se comia sentado / e devagar se caminhava / até chegar a qualquer lado
Rui Tinoco (1971)
enviar-te um poema / não é a mesma coisa / que a presença do meu / corpo: palavras com / rugas: a emoção / duvida de si mesma
Joma Sipe (1974)
Chegaste ao céu. Não lhe toques; vive dentro dele. Não penses que não é para ti; ele é tudo o que tu és.
Pedro Seabra (1997)
à noite os candeeiros parecem / vergar. as estradas viscosas, frias / e húmidas a contorcer-se,
Eugénio de Andrade (1923-2005)
É Natal, nunca estive tão só. / Nem sequer neva como nos versos / do Pessoa ou nos bosques / da Nova Inglaterra.
José Régio (1901-1969)
Mais uma vez, cá vimos / Festejar o teu novo nascimento, / Nós, que, parece, nos desiludimos / Do teu advento!
Domingos da Mota (1946)
Era Dezembro. O natal esperado / (não havia então ecografia), / poderia ser de um rapaz / ou de uma rapariga