Maria Marcelina (1921-2005)
Nem sonho / Nem verdade / Ou fantasia / É a Arte que cria / Não cria o sonho / Não é sequer verdade / Mas é sonho / É verdade / E fantasia
Eugénio de Andrade (1923-2005)
É Natal, nunca estive tão só. / Nem sequer neva como nos versos / do Pessoa ou nos bosques / da Nova Inglaterra.
Daniel Filipe (1925-1964)
Um amor como este / não pede mar ou praia: / somente o vento leste / erguendo a tua saia.
Raul Brandão (1867-1930)
passavam a vida à espera dos homens, enquanto as mãos ágeis iam tecendo ternura e espuma do mar…
Regina Gouveia (1945)
Encarcerados nas arcas / os linhos saíam por vezes à luz do dia, em busca de ar / renovado
Alexandra Malheiro (1972)
Tantas vezes que me apetece / matar as palavras ou / ficar quieta num canto à espera / que elas me matem.
Luís Palma Gomes
A obsessão das águas / incendiando as formas / as nossas formas turvas / de aves sem Paraíso.
Inês Lourenço
Não precisa de respiração assistida / para o ar lhe circular entre os vocábulos. Nem / jaz inerte e horizontal numa febre letárgica / que lhe impõe caminhos