PINTORA francesa de origem russa, Sara Stern nasceu em Gradizhsk (Ucrânia), em 1885. Em 1910, casou em segundas núpcias com o pintor francês Robert Delaunay, um dos precursores da pintura abstracta, e adoptou o nome de Sonia Dalaunay. Sonia realizou em 1911 as primeiras obras abstractas, sendo considerada uma das mais representativas artistas desta corrente. Fugindo da Iª Guerra Mundial, o casal Delaunay veio viver, juntamente com o filho Charles, para Vila do Conde entre o Verão de 1915 e inícios de 1917, numa casa a que chamaram La Simultané. Aí aprofundaram a amizade com os pintores modernistas Amadeo de Souza-Cardoso, Almada Negreiros e, sobretudo, Eduardo Viana, que claramente influenciaram. Esse período de ano e meio que passou em Vila do Conde foi considerado por Sonia uma fase particularmente feliz e fonte de inspiração ao longo da sua vida. Em Portugal realizou importante obras inspiradas na arte popular portuguesa.

Mercado no Minho, 1915

Admiradora dos pintores Van Gogh e Gauguin, assim como dos pintores “fauvistas”, deles recebeu o gosto pela expressividade das cores luminosas.

O poeta e crítico de arte Guillaume Apollinaire designou o estilo de Robert e Sonia Delaunay de “Orfismo” ou “Cubismo Órfico”, em referência a Orfeu (o músico supremo da Mitologia Grega, que encantava a natureza com os seus dotes musicais).

Na obra «Les Peintres Cubistes», Apollinaire definiu “Orfismo” como A arte de pintar estruturas novas com elementos emprestados não da realidade visual, mas inteiramente criados pelo artista e dotados por ele de uma potente realidade”.

Este conceito identificava semelhança entre a música e a exaltação da luz e da cor, por meio de contrastes entre tonalidades frias e quentes de cores puras, dispostas em círculos dinâmicos justapostos.

Desta forma, a pintura “órfica” – por vezes, também chamada de “cubismo lírico” – seria um reflexo do desejo de acrescentar um novo elemento de lirismo, cor e luminosidade ao cubismo de Picasso, Braque e Gris, alegadamente demasiado austero e intelectual.

Rhythme, 1938

Depois dum tempo de permanência em Madrid, Sonia Delaunay viveu em Paris a partir de 1921, continuando a pintar até à sua morte, em 1979.

Considerada um dos vultos mais salientes da Art Déco, Sónia Delaunay desenhou moda, fez decoração de teatro e bailado, criou tecidos e peças de mobiliário. Chamou aos seus tecidos pintados à mão “contrastes simultâneos”, expressão que reflectia o seu interesse pelas relações cromáticas.

Entre os seus figurinos para bailados, destacam-se os concebidos para o espectáculo Cleópatra, produzido pelo bailarino e coreógrafo russo Sergei Diaghilev.

Rythmes couleures, 1971
Sem título, 1972
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