Nestas ervas
só o silêncio
se pode deitar
*
Ninguém ama
tanto o silêncio –
raízes
*
Uma folha de erva
verga-se sob o
peso de uma palavra
*
Silêncio – de súbito
o som de duas carriças
fazendo amor
*
Vento por vento
Um pensamento
levanta voo
*
Procura a tua
verdadeira voz
no silêncio
*
Atento
ao eco
do silêncio
*
Porque se agitam
as ervas só as ervas
o podem dizer
*
Ninguém consegue apagar
a sombra daquele pássaro
na erva
*
Nas ervas mais altas
resiste ainda
o verão
in D’ouro d’Alendouro 2003, Edições Gémeo, fotografia de Renato Roque e poemas de Jorge Sousa Braga