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A Rua da Estrada: apresentação

A Rua da Estrada: apresentação

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DA longa história da cidade ficaram algumas coisas sobre as quais estamos todos de acordo: uma organização social; suportes infraestruturais necessários à troca e à relação; edificação; diversidade e mudança. A aglomeração e a proximidade acompanhavam tudo isso enquanto a congestão não desse cabo de tão preciosa intensidade.

Assim é a Rua da Estrada: uma espécie de dispositivo sócio-técnico que possibilita a mobilidade das pessoas, da informação, das mercadorias, da energia…, e que funciona como uma prótese que torna possível a organização da sociedade/território. Falta só imaginar que a cidade se desconfinou, que galgou muralhas e limites, que colonizou o infinito rizoma do asfalto e de outras redes com ou sem fios, canos, condutas, cabos e outras teias. Por estes infinitos caminhos circulam os humanos e as suas urgências: vão à bola, à fábrica, à farmácia, ao comboio, a remar, à escola, a Aveiro ou a Sarrazola…

Escreveu a Agustina Bessa-Luís no seu Diccionário Imperfeito (Guimarães Editora, 2008) : “A estrada é, acima de tudo, civilidade, tem que ser construída para o uso das pessoas e para efeitos de uma economia. A estrada romana é ainda hoje modelo de mecanismo social. Levava não só os poetas até Brindisi, como as mercadorias aos portos e, mais ainda, a imaginação até aos confins da memória”. É tal qual.

Por Álvaro Domingues autor de A Rua da Estrada

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