OS POVEIROS Joana Costa, 31 anos, médica, e Fernando Freitas Milhazes, 33 anos, investigador,casaram em Setembro. A escolha para lua-de-mel foi a de percorrerem, durante três semanas, a mítica Route 66, a estrada que atravessa de Este a Oeste os Estados Unidos da América. Numa espécie de diário de bordo, eles narram a aventura.
“Em linhas gerais: 5281km, 9 estados e 3 fusos horários. Em linhas miúdas. Uma página é curta para descrever o tanto que vimos e vivemos nesta viagem. Podemos recorrer ao cliché que é “a viagem de uma vida”, mas mesmo este não é suficiente.
Início em Chicago rumo ao Pacífico. Saímos da cidade do Lago Michigan e da Willis Tower (vale a pena visitar pelo Skydeck). Começamos a cruzar o Estado de Illinois em direção ao Missouri. Passamos por cidades pitorescas como Pontiac, com o seu museu sobre a Route 66, e por Springfield onde está sepultado Lincoln, entrando no Missouri pela agradável cidade de St. Louis com o seu mítico Arco. Continuamos a nossa cruzada por estradas que fazem lembrar o nosso Minho até cruzarmos o Kansas, onde se encontra o trecho mais curto da Route, com apenas 60 km, para depois entrarmos em Oklahoma.
Em Oklahoma, mais concretamente em Tulsa, passamos uma das noites mais divertidas da nossa viagem em confraternização com dois norte-americanos. A paisagem vai começando a mudar tornando-se mais árida, ou não estivéssemos a aproximarmo-nos do Texas. Chegados ao Texas confirmamos que os cowboys ainda existem, e que há cidades onde o número de cabeças de gado é superior ao número de habitantes. Em Adrian, Texas, estamos exatamente a meio da Route: 1129 milhas (1833 km).
Deixando o Texas entramos no Novo México, onde se constata que a comunidade índia ainda é bem numerosa em cidades como Gallup. O estado seguinte, o Arizona, marcou as duas alterações que fizemos ao traçado original da Route 66, não sem antes ver um majestoso local que marca o impacto de um meteorito com a terra. Em Flagstaff fizemos o primeiro desvio para ver o magnânimo Grand Canyon, que nos deixa sem respiração tal é a beleza do local. De volta à Route, em Kingsman, visitamos o Estado de Nevada e a mítica cidade de Las Vegas, cuja melhor definição é “uma Disneylândia para adultos”, um local imperdível, e onde a imaginação para diversão não tem limites.
De volta à estrada, saímos do Nevada e entramos no último Estado da viagem: a Califórnia. A chegada a Los Angeles é apoteótica e confirmamos com os nossos próprios olhos as imagens que tantas vezes já vimos no cinema e na televisão. Enquanto descemos a Santa Mónica Boulevard, num cruzamento entre prédios, vemos pela primeira vez o Pacífico, que ali, calmamente, aguardava mais uns “loucos” que se tinham aventurado a percorrer a “Estrada Mãe dos Estados Unidos da América”.
A nossa viagem ainda nos levaria a San Diego e a San Francisco, a cidade mais bonita que vimos, mas o objectivo principal estava cumprido. A aventura de cruzar os EUA, as dormidas nos míticos motéis, as retas que se estendem por milhas, as antigas cidades da Route (muitas actualmente abandonadas), e o contato com os norte-americanos que sempre nos receberam com um sorriso, tinha terminado. Nota ainda para uma curiosidade. Por mais recôndito que fosse o sítio onde estivéssemos, quando nos perguntavam de onde éramos, três segundos depois ouvíamos: Cristiano Ronaldo”.
Publicado in A VOZ DA PÓVOA