FALECEU no passado domingo, 7 de junho, a realizadora portuense Maria José Silva, mais conhecido por a “queijeira realizadora” ou “a realizadora do povo”, cujo trabalho mais popular foi o filme Mulheres Traídas. A notícia do seu falecimento está a percorrer o Facebook dos vários amigos da realizadora desde a passada terça feira, sendo confirmada igualmente na página do Cineclube de Avanca e da Plano Obrigatório.
Nascida a 3 de agosto de 1937, Maria José era dona da Queijaria Amaral e nunca estudou cinema. Aliás, segundo a mesma, raramente havia ido ao cinema tendo visto extensivamente filmes em casa: “Só gosto de coisas bonitas, não gosto de filmes barulhentos“, afirmava. Recorrendo ao pouco dinheiro que conseguia juntar, Maria José foi criando quando possível curtas-metragens que foram ganhando um movimento de culto na cidade do Porto.
Os Velhos Não São Trapos e Mulheres Traídas foram os seus filmes mais célebres, que foram distribuídos pela mesma no sentido mais clássico e tradicional possível. Maria José alugava para sessões pontuais locais de exibição e organizava as sessões.
O realizador Miguel Marques, que acompanhou de perto a rodagem de Mulheres Traídas, filmando mesmo um documentário que foi exibido no Doclisboa e no Festival de Avanca em 2007, afirmou: «A morte da Maria José Silva apanhou-me de surpresa. Ter acompanhado os mais de 6 meses de rodagem do seu filme Mulheres Traídas sempre me fez sentir um privilegiado. Nunca me senti estranho, como poderia senti-lo quando era a sua generosidade que mediava todas as relações. Maria José Silva usava o cinema como ferramenta para trabalhar os seus conflitos, e quem colaborava nos seus filmes fazia parte de uma trama muito maior, não eram apenas participantes, mas também agentes transformadores de uma realidade.”
Maria José também cantava e atuava em diversos dos seus projetos.
por José Pedro Lopes publicado in C7NEMA