ANA Abreu é natural da freguesia de Campo, do concelho da Póvoa de Lanhoso. Cedo veio para Vila Nova de Gaia onde começou a estudar na escola primária da Serra do Pilar. Licenciou-se em Pintura na FBAUP, tendo exercido a docência no ensino secundário até à aposentação. Hoje vive em Gulpilhares, também em Vila Nova de Gaia. Faz suas as palavras de Melanie Klein: a origem do impulso criador está na necessidade de reparação.
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)
06 de Maio de 1954 – Campo – Póvoa de Lanhoso.
2 – Atual residência (freguesia e concelho)
Gulpilhares – Gaia
3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?
Escola Primária da Serra do Pilar; Liceu Rainha St.ª Isabel; Liceu Carolina Michaëlis; Liceu Garcia de Orta; Fac. de Medicina – UP; Fac. Belas Artes – UP e Instituto de Design do Porto – UP,
4 – Habilitações literárias
Licenciatura em Artes Plásticas – Pintura – FBAUP; Pós-Graduação em Design de Produtos e Equipamentos – IDUP e Mestrado em Teoria e Prática do Desenho – FBAUP
5 – Atividade profissional
Aposentada do ensino secundário.
6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)
A origem do impulso criador está na necessidade de reparação.
Melanie Klein
7 – Endereço na web/blogosfera para a podermos seguir
Ana Abreu – Facebook
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Território (i)maculado: Apropriação de Lugares Interiores no Espaço Corpus Christi, Gaia
(projecto de Mestrado em Prática e Teoria do Desenho. Porto: FBAUP)
O projecto Território [i]maculado tem por base as imagens suscitadas e descritas pelo arquivo do Antigo Instituto de Reinserção Social para Raparigas – situado no Convento de CORPUS CHRISTI, em Gaia – e que são contextualizadas sobretudo por um corpo de desenhos, no próprio espaço onde existe o arquivo.
O espaço não foi neutro: durante décadas habitado, foi utilizado como instituição de acolhimento e correcção, tornando evidente que qualquer acção nele realizada transportava a ideia de marca. O acto de marcar torna-se uma variante do macular, a apropriação dos lugares físicos pelas marcas que neles fazemos, através da disseminação de imagens mentais que se foram deixando, que foram sugeridas pelo conhecimento daquele contexto, explorado a partir do seu arquivo.
Parece, pois, que o arquivo não tem um significado concreto e estável, uma vez que o tempo modifica a sua relevância, a interpretação, logo, os seus significados. O arquivo e as suas apropriações revelam-nos que a realidade que ele classifica é sempre uma realidade subjectiva, ideológica e já filtrada.
Por “contexto” entende-se o conjunto de circunstâncias nas quais se insere uma acção. Tecer com é o significado da sua origem etimológica, em latim, contextus.
A noção de tessitura é primordial na abordagem do contexto, como ferramenta explicativa do “pensamento deslocalizado”, reapropriando, articulando, transferindo ou desviando.
Segundo Paul Ardenne (2006), para o artista contextual modificar a vida social, contribuir a sua melhoria, desmascarar convenções, aspectos não vistos ou inibidos, é como falar igual (como todo o cidadão no que respeita à vida pública, num meio democrático) e de outra maneira (utilizando meios de ordem artística, capazes de suscitar uma atenção mais aguda, mais singular do que aquela que permite a linguagem social).
O desenho possibilitou a classificação, apropriação, a interrogação, a interpretação e a reconfiguração da estrutura, das disposições e materiais do arquivo, permitindo, deste modo, analisar, variar, anular, divagar, desarranjar, desviar, seleccionar, avançar, descobrir, montar, excluir, construir, desconstruir, sobrepor e decidir acções que geraram outras relações, com novas significações.
O acto de registar na parede da cela foi entendido como um acto intencional, de transgressão, desadequado e proibido naquele contexto institucional.