O TRABALHO artístico e a investigação de Domingos Loureiro estão diretamente relacionados com a paisagem. É por isso natural, mas não essencial, como faz questão de salientar, que as paisagens do concelho de Valongo, onde nasceu e reside atualmente, em especial a Serra de Santa Justa e o vale do rio Ferreira, se reflitam na sua obra. Se bem que, às vezes, não consiga esclarecer se aquilo que vê corresponde ao que efetivamente existe (serão recordações?). O que não é de admirar para quem cresceu e vive num vale frequentemente coberto por nevoeiro.
Por Paulo Moreira Lopes
1 – Data de nascimento e naturalidade (freguesia e concelho)?
Dezembro de 1977 na freguesia e concelho de Valongo.
2 – Atual residência (freguesia e concelho)?
Resido desde 2012 novamente no concelho Valongo, depois de 10 anos a viver no Porto.
3 – Escolas/Universidade que frequentou no distrito do Porto?
Frequentei as escolas básicas de Valongo, depois frequentei a Escola Secundária Soares dos Reis, no Porto, ingressando na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde me licenciei em Artes Plásticas – Pintura, frequentando posteriormente o Mestrado em Pintura e actualmente estou a concluir o Doutoramento na mesma faculdade.
4 – Habilitações literárias?
Doutorando.
5 – Atividade profissional?
Professor Assistente convidado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e Artista Plástico.
6 – Em que medida o local onde viveu ou vive influenciou ou influencia o seu trabalho por referência a fenómenos geográficos (paisagem, rios, montanha, cidade), culturais (linguagem, sotaque, festividades, religião, história) e económicos (meio rural, industrial ou serviços)?
O meu trabalho artístico e a investigação que realizo têm a paisagem como elemento primordial, especialmente na relação entre a experiência física da Natureza e a experiência física do acto de pintar uma memória dessa mesma Natureza. Assim ao nível da geografia, retenho um sem número de memórias das paisagens (quase) naturais do concelho, especialmente a Serra de Santa Justa e o vale do rio Ferreira, mas não posso dizer que sejam essenciais no meu trabalho.
Existe uma relação de nostalgia entre aquilo que vejo e aquilo que recordo, não conseguindo esclarecer se aquilo que estou a ver actualmente é exactamente aquilo que lá está.
Recordo também os antigos locais conhecidos como «arrasamentos», que eram grandes áreas industriais, resultado dos desabamentos de várias minas de ardósia, com uma geografia muito violenta, com características muito próximas das descritas pelos autores do Romantismo.
Penso que o concelho não terá nenhum elemento que possa destacar como distintivo ou único para ser essencial para aquilo que faço, mas por outro lado, existe um sem número de aspectos que conjugados tornam este território em algo especial para mim. Exemplo disso é o nevoeiro que se forma frequentemente e que esconde o vale, e que, mal passando o alto da serra, desaparece. Como vivi 10 anos no Porto, isto é algo que me afecta muito, e que diferencia este espaço dos restantes ao seu redor.
7 – Endereço na web/blogosfera para o podermos seguir?
www.domingosloureiro.com
Publicado originalmente em 5 de fevereiro de 2014